No velório do sargento morto, um colega disse que a 'guerra' iria continuar.
A cúpula da Segurança Pública do Tocantins afirmou, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (25), que não há crise entre as Polícias Civil e Militar em razão da morte do sargento Gustavo Teles, 35 anos, por policiais civis na madrugada de terça em Gurupi, sul do Estado.
Segundo a Polícia Civil, os sargentos Gustavo e Edson Vieira Fernandes são suspeitos de participar de um homicídio e de uma tentativa de homicídio na noite dos fatos. Edson nega qualquer envolvimento nos crimes.
Durante a coletiva, o secretário de Segurança Pública, Fernando Ubaldo Monteiro, e o Comandante Geral da PM, Coronel Jaizon Veras, afirmaram que as instituições permanecem unidas, mesmo diante do clima tenso. Um militar chegou a dizer durante o velório que a morte do colega seria honrada.
"Essas supostas ameaças não traduzem o pensamento da instituição. Foi uma manifestação isolada por parte de um membro da corporação, amigo do militar falecido. Não vemos nisso uma ameaça. O militar compareceu ao comando de livre e espontânea vontade e disse que foi mal interpretado", declarou.
O secretário de Segurança Pública também negou que delegado Luiz Felizardo, responsável pelo atendimento inicial da ocorrência, tenha deixado o Estado temendo ameaças de militares. "Ele tinha algumas folgas a serem retiradas e nos pediu se ele poderia retirar um descanso", disse.
O secretário também comentou sobre as declarações feitas por parte de um representante do Sindicado dos Policiais Civis (Sinpol) sobre a possível existência de um grupo de extermínio no sul do Estado
"Sobre a existência de um grupo de extermínio, entendemos que é uma opinião formulada pelo presidente do sindicato. As investigações em curso que irão apontar as circunstâncias da ocorrência. Qualquer manifestação contrária é mera especulação", declarou.
NOVOS VÍDEOS
Os dirigentes das corporações evitaram comentar sobre os novos vídeos divulgados nesta quinta-feira (25) que revelam com detalhes a abordagem dos policiais civis.
Inicialmente, a Polícia Civil disse que uma viatura com giroflex ligado estava perseguindo os PMs e houve um confronto. O relato diz ainda que os militares caíram da motocicleta e um deles sacou a arma e efetuou um disparo.
Contudo, os vídeos contrariam essa versão. O giroflex não estava ligado e o tiro foi disparado de dentro da viatura ainda em movimento, acertando as costas do sargento Gustavo Teles, que não aparece com arma em punho.
O secretário Fernando Ubaldo disse que todo o ocorrido está sendo investigado e que quando os resultados estiverem prontos, o Governo tomará as providências cabíveis. “Não podemos nos precipitar quanto aos fatos. É necessário que tudo o que ocorreu seja esclarecido para que possamos tomar as providências necessárias”, garantiu.
VÍDEO
ENTENDA
O sargento da Polícia Militar Gustavo Teles, 35 anos, foi morto com um tiro durante um suposto confronto com a Polícia Civil, na madrugada de terça-feira (23), em Gurupi, região sul do Tocantins. Ele estava numa motocicleta juntamente com o outro sargento, Edson Vieira.
Segundo a Polícia Civil, Edson confessou participação na morte de Neuralice Pereira dos Matos, 22 anos, e na tentativa de homicídio contra Nataniel Glória de Medeiros, crimes ocorridos naquela mesma noite.
Contudo, o sargento negou que tenha confessado qualquer participação nos crimes, por meio de nota da Federação das Praças do Estado do Tocantins (Faspra).
Já a Polícia Civil afirma que os homens que aparecem numa motocicleta praticando a tentativa de homicídio contra Nataniel são os referidos sargentos da PM.