Jassonio Costa Leite

Empresário do Tocantins é apontado como o maior grileiro de terras do Brasil, diz jornal

Ele frequenta gabinetes em Brasília e conversa com Bolsonaro.

Por Redação 6.139
Comentários (0)

16/04/2021 14h46 - Atualizado há 3 anos
Senador Zequinha Marinho (PSC-PA), ao lado do empresário Jassonio Costa Leite

No dia 9 de abril, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou uma nota lacônica para informar que havia identificado e multado o "chefe do esquema criminoso" de grilagem de terras indígenas na Amazônia.

Em poucas linhas, o órgão informou que o infrator havia sido multado em nada menos que R$ 105,5 milhões, por ter desmatado uma área equivalente a mais de 21 mil campos de futebol em uma terra indígena no Pará. O Ibama só não disse, afinal, quem é o maior grileiro de terras do País.

O jornal Estadão apurou se tratar de Jassonio Costa Leite, um empresário do Tocantins que mantém relações diretas com políticos em Brasília, frequenta gabinetes no Congresso Nacional e é apoiador do presidente Jair Bolsonaro, já tendo conversado com o chefe do Executivo em suas paradas matinais no "cercadinho" do Palácio do Alvorada, local onde o presidente reúne defensores de seu governo na saída da residência oficial.

Jassonio foi autuado após investigações realizadas pelos agentes do Ibama, que recolheram uma série de depoimentos e denúncias anônimas durante ações de fiscalização realizadas desde o início de 2019. O empresário, segundo o órgão, lidera um grupo formado para invadir terras indígenas, fazer loteamento e vender as áreas dentro do território protegido.

O empresário foi um dos principais responsáveis pelo processo de grilagem da terra indígena Ituna-Itatá, localizada no município de Senador José Porfírio, no Pará. A região registrou um dos maiores índices de desmatamento ilegal em toda Amazônia entre 2018 e 2020.

Em abril do ano passado, quando o Ibama realizou uma megaoperação de combate ao desmatamento na região, Jassonio recorreu ao apoio de políticos para tentar barrar a ação. O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) recebeu o empresário e sua filha. Zequinha gravou um vídeo para criticar o Ibama e dizer que estava recorrendo ao governador do Pará, Helder Barbalho, para dar fim à operação. Na gravação, o senador disse que o governo paraense e sua Polícia Militar não podiam "dar cobertura a servidor bandido e malandro como esse pessoal do Ibama". Ao lado do senador, Jassonio agradeceu pela "tamanha coragem de correr atrás para tentar resolver a situação".

A pressão, porém, não paralisou a operação. Na primeira quinzena de abril, a equipe de agentes do Ibama fez diversas incursões nas terras indígenas da região. Nas ações, foram lavrados 26 autos de infração, 24 apreensões e 17 termos de destruição de máquinas, entre outros itens.

REPERCUSSÃO

As imagens dessa operação, com tratores e máquinas de grande porte incendiadas no meio da floresta, ganharam repercussão nacional. A destruição dos equipamentos incomodou Bolsonaro, que é radicalmente contra a destruição de máquinas apreendidas no combate a crimes ambientais, apesar de a prática ser prevista em lei há anos. Bolsonaro condenou a ação e cobrou respostas. Dias depois, Ricardo Salles exonerou o diretor de proteção ambiental do Ibama, Olivaldi Alves Borges Azevedo, além dos coordenadores de fiscalização e operações Renê Oliveira e Hugo Loss.

O processo ficou um ano parado no Ibama até culminar nas multas aplicadas na semana passada. Desde abril do ano passado, as investigações já apontavam Jassonio como o líder do esquema de invasão da terra indígena. Foi identificada ainda a tentativa de erguer uma vila dentro do território, além de uma ampla transferência de títulos de eleitor, como forma de consolidar a ocupação e criar vínculo dos invasores com o poder público local.

A reportagem tentou contato com Jassonio Costa Leite por meio de diversas empresas de pequeno porte que o empresário tem em seu nome, mas não obteve resposta. Salles foi questionado se já esteve com Jassonio ou se conhece o empresário. "Nunca ouvi falar", respondeu o ministro.

O senador Zequinha Marinho afirmou, por meio de sua assessoria, que "não comenta sobre assuntos particulares e que envolvem terceiros".

As informações são do Estadão. 

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.