Durante a pandemia

Empresário, PM e cobrador são condenados por extorsão no caso das cestas básicas do Estado

Decisão é da 2ª Vara Criminal de Palmas e cabe recurso.

Por Redação 1.387
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19/10/2022 10h03 - Atualizado há 2 anos
Imagens do empresário sendo coagidos pelos três homens que foram condenados pela Justiça.

A Justiça condenou o empresário João Coelho Neto, o policial militar Rodrigo Westphan Barbosa de Jesus e o suposto cobrador de dívidas Wolney Max de Souza, conhecido como Rosquinha, por extorquir um empresário contratado pelo Estado para fornecer cestas básicas para a Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) durante o período da pandemia.

A decisão é da 2ª Vara Criminal de Palmas e ainda cabe recurso. Os argumentos apresentados pela defesa dos acusados foram questionados pelo juiz. “Por qual motivo o acusado João convidaria um antigo cobrador de dívidas e um policial/segurança para irem com ele até a empresa da vítima, que não para amedrontá-la e intimidá-la?”, diz trecho da decisão.

Na sentença, o juiz afirma não restar dúvidas sobre a autoria do crime. "Desta forma, dúvidas não pairam de que João Coelho Neto foi um dos autores do delito que lhe foi imputado [...] Em relação aos acusados Wolney Max de Sousa e Rodrigo Westphan de Jesus ficou igualmente comprovado que os réus foram a convite do denunciado João Coelho Neto até a empresa da vítima com a finalidade de amedrontá-la, afinal ainda que os réus não tenham sido os indivíduos que iniciaram a conduta típica, tiveram importância crucial para a execução do delito, tendo estes contribuído para intimidar a vítima e efetivar a extorsão."

A pena de 5 anos de prisão será cumprida no regime inicial semiaberto e os réus poderão recorrer em liberdade. As defesas de João Coelho Neto e Wolney Max de Souza informaram que não concordam com o resultado da sentença e vão recorrer ao Tribunal de Justiça.

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O CASO

A vítima da extorsão foi o empresário José Gomes de Souza Neto, conhecido como Neto Gomes. Ele teria recebido indicação para assinar um contrato com a Setas e fornecer 40 mil cestas básicas que seriam distribuídas a famílias afetadas pela Covid-19, em novembro de 2021.

Neto Gomes contou à Justiça ter sido abordado no estacionamento da secretaria no mesmo dia em que assinou contrato de R$ 3 milhões com o Estado. De acordo com o depoimento, João Coelho sabia da contratação e teria afirmado que a vítima deveria lhe repassar 50% do valor do contrato como propina.

O empresário Neto Gomes se recusou a fazer os repasses e passou a ser ameaçado, assim como sua família. As ameaças continuaram até o dia em que João Coelho foi até a empresa de Neto Gomes com os outros dois homens para cobrar a suposta dívida.

Durante o processo, João Coelho negou que estivesse cobrando propina e alegou que tinha um acordo comercial que não estava sendo cumprido e teria tentado apenas mandar um recado para a vítima.

Rodrigo Westphan e Wolney Max também negaram o crime de extorsão e disseram ter ido à empresa da vítima apenas para evitar uma confusão.

CESTAS BÁSICAS

A contratação de cestas básicas durante a pandemia é alvo de várias investigações da Polícia Civil. Não há denúncias de irregularidades relacionadas ao contrato feito pela Setas com José Gomes de Souza Neto.

No início do ano foram cumpridos mandados de busca na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social e em condomínios de luxo. Dois servidores chegaram a ser afastados das funções.

Existe também a suspeita de que empresas tenham recebido pelos contratos sem entregar parte das cestas básicas. A polícia descobriu, inclusive, que o dinheiro era lavado em um mercado, que comprava carne bovina da raça Angus e vendia a preço mais barato.

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