Denúncia

Ex-gerente de combate à corrupção denuncia assédio e perseguição política

Ela afirmou que foi impedida de exercer suas funções e deixada de fora de várias decisões administrativas.

Por Redação 2.708
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18/12/2018 12h21 - Atualizado há 5 anos
A ex-gerente diz que chegou a entrar em depressão por causa do assédio no trabalho

A ex-gerente de Transparência e Combate à Corrupção do Tocantins, Cláudia Regina Sousa e Silva, quebrou o silencio um mês após sua exoneração e denunciou ao AF Notícias episódios de perseguição, assédio e retaliação praticados por seus superiores enquanto esteve no Governo.

O cargo ocupado pela fundadora e presidente do Observatório Social do Brasil (OSB) em Palmas está ligado à antiga Controladoria Geral do Estado (CGE), que atualmente é denominada de Controladoria do Gasto Público e Transparência (CGPT).

ASSÉDIO

No cargo de setembro de 2016 até sua exoneração em novembro deste ano, a ex-gerente disse que foi impedida de exercer suas funções e foi deixada de fora de várias decisões administrativas, o que configura assédio moral dentro do ambiente de trabalho.

A ex-servidora pública acusa o secretário da CGPT, Senivan Almeida de Arruda, e a diretora da pasta, Juliana Gobbo de Oliveira, de perseguição política, intimidação e de tentarem barrar investigações relacionadas ao Governo.

“Fui exonerada no dia 16 de novembro com data retroativa ao dia 7. Eu já havia percebido que tinha alguma coisa errada porque eu tentava realizar o meu trabalho e não conseguia. Enviava comunicação e não recebia resposta. A diretoria e o secretário tomavam decisões sobre a gerência sem se quer me comunicar. Eu já havia percebido esse clima de assédio”, declarou.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA 

Cláudia Regina disse que sua exoneração se deu logo após ela solicitar dados relacionados à empresa Sancil, pivô do escândalo do lixo hospitalar em Araguaína no início de novembro. O caso culminou com a exoneração de 12 delegados regionais, ganhou destaque nacional e gerou uma crise interna no Governo.

“Quando estourou o escândalo do lixo, eu recebi uma ligação indagando o porquê de os dados do contrato não estarem no portal da transparência. Como era responsável pelo sistema de informação, comecei a ir atrás das informações. Obtive alguns detalhes e no dia seguinte saiu a minha exoneração”, denunciou.  

A ex-servidora disse que foi pega de surpresa e pediu esclarecimentos para a diretora e o secretário, mas não obteve resposta. Segundo ela, em uma reunião com diversos órgãos fiscalizadores realizada no dia 22 de novembro, o próprio secretário anunciou que sua exoneração se deu por falta de produtividade.

“Ele justificou durante essa reunião que a minha exoneração já havia sido pedida por que eu não estaria realizando um bom trabalho. Semana passada saiu a Escala Brasil de Transparência onde obtivemos um excelente resultado. Achei irresponsável da parte dele, pois com tais declarações poderia prejudicar a minha carreira, uma vez que isso não é verdade”, disse.

INTIMIDAÇÃO 

Após a exoneração, Cláudia Regina afirmou que procurou a diretora da pasta, Juliana Gobbo de Oliveira, para pedir explicações a respeito de seu desligamento e a resposta veio em forma de intimidação.

“Mandei uma mensagem para a diretora desabafando e no dia seguinte chamaram meu pai para tentar me intimidar. Depois dessa reunião, meu pai me disse para eu não fazer nada porque eles estavam preocupados com o que eu poderia dizer”, confirmou.

A ex-gerente de transparência acusou a gestão de desmantelamento do setor por conta de ações políticas e afirmou que a diretora nunca teve nenhum contato com a área até ser nomeada.

“Depois disso, desmantelaram toda gerência de transparência e colocaram um interino no meu lugar da área de TI. Todo portal da transparência está desatualizado. Na verdade, a diretora é odontóloga e nunca teve contato com a área até ser nomeada. Meu trabalho era extremamente técnico. Nunca fui partidária”, ressaltou.

Cláudia relatou também que chegou a pedir licença médica por conta do stress e da depressão causados pelo ambiente de trabalho. Apesar da situação, ela afirmou que se sente aliviada por ter saído do cargo.

“Após a exoneração, eu fiquei um pouco mal, mas depois vi isso como um alívio. Sei de todas as consequências que podem vir, entretanto, sei que me dediquei bastante em todos os aspectos. Hoje vejo como um livramento de não estar mais próximo a essas pessoas. Agora posso fazer o que eu gosto, que é investigar e trabalhar pela transparência e combate à corrupção”, concluiu.

RETALIAÇÃO 

Além de assédio, intimidação e perseguição polícia, a ex-gerente de transparência afirmou que a exoneração foi um ato de retaliação em face da investigação feita por ela.

“Esse caso foi escandaloso porque envolve não só a retaliação, a intimidação, o assédio e a dissimulação de estarem preparando uma exoneração, mas de terem permitido a minha exposição na mídia nacional. Se não estavam satisfeitos, era só ter me exonerado e pronto. Para mim foi uma coincidência muito grande eu ter acesso aos dados do contrato da Sancil em um dia e no outro eu ser exonerada. Eu quero deixar claro que não vazei os documentos na minha gestão, mas achei absurdo”, finalizou.

OUTRO LADO

Procurado pelo AF Notícias, o Governo negou todas as acusações em nota e voltou a afirmar que a servidora foi exonerada por falta de produtividade enquanto ocupava o cargo de gerente de transparência na CGPT.

ÍNTEGRA DA NOTA

“A respeito da exoneração da ex-servidora Cláudia Regina, à CGPT (Controladoria do Gasto Público e Transparência) esclarece que:

1 – A   ex-servidora em questão foi exonerada por falta de produtividade. Enquanto ocupou o cargo de gerente de transparência, na CGPT,  neste ano o Tocantins caiu no ranking nacional  para o 9º lugar no quesito portal da transparência. O portal também não foi aprimorado e alimentado com informações necessárias segundo a legislação pertinente. Além disso, a informação dos Serviços de Informações aos Cidadãos – SIC, das demais secretarias estavam desatualizadas há mais de 2 anos.

2 – Quanto à exoneração retroativa, a CGTP encaminhou para a Casa Civil no dia 6 de novembro um ofício solicitando a mesma, sendo publicada no dia 16 de novembro. A CGTP esclarece que aguardou a apresentação de um requerimento pela ex-servidora, bem como o fechamento da folha, inclusive a apresentação de atestados médicos, que só foram encaminhados após a sua exoneração, para requerer a Casa Civil a revisão da data do ato (exoneração).

3 – A CGPT ressalta que não existem denúncias a respeito de assédio moral em sua estrutura e que preza por um ambiente de trabalho tranquilo para todos os servidores”.

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