Ex-servidores recebiam salários que variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil.
Duas ex-servidoras públicas do Governo do Tocantins, investigadas em mais uma fase da Operação Catarse, confirmaram em depoimento à Polícia Civil que foram contratadas para atuar na campanha eleitoral de outubro do ano passado.
Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quinta-feira (14) pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic Norte) em Araguaína.
Em depoimento, as ex-servidoras Layla Luana Rodrigues de Moura Luz e Maria do Socorro Fontes de Sousa disseram que apesar de terem sido contratadas pela Secretaria de Governo, já extinta, estavam, na verdade, trabalhando na campanha à reeleição da deputada estadual Valderez Castelo Branco (PP), atual líder do Governo de Mauro Carlesse na Assembleia.
"Eu fui lá para ela [Valderez] me arrumar um emprego. Eu estava desempregada. Ai ela arrumou. Na política dela a gente trabalhou na rua, pedindo votos", disse uma das ex-servidoras.
Conforme o delegado José de Anchieta, da Deic, as ex-servidoras trabalharam nas campanhas de determinados candidatos, inclusive recebendo como remuneração, por trabalhar na campanha, apenas o salário que já recebiam do Estado do Tocantins.
Os quatro ex-servidores recebiam salários que variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil.
ENTENDA
Agentes da cumpriram mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (14), em mais uma fase da Operação Catarse, que investiga crimes de peculato contra o Governo do Estado do Tocantins.
Essa foi a primeira operação deflagrada após a vigência do 'decreto da mordaça' assinado pelo governador Mauro Carlesse.
Foram alvos ex-servidores contratados temporariamente que não exerciam regularmente suas funções, os considerados ‘funcionários fantasmas’. Conforme a Deic, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, como também ouvidos depoimentos de quatro investigados.
“Os suspeitos tinham sido nomeados na gestão do ex-governador Marcelo Miranda, mantiveram os cargos na gestão posterior [Mauro Carlesse] e foram exonerados no último dia 31 de dezembro de 2018”, afirmou José Anchieta de Menezes.
O delegado disse ainda que durante o depoimento, os suspeitos, lotados na então Secretaria Geral de Governo, afirmaram nunca prestaram serviço na pasta. “Apreendemos aparelhos celulares, documentos e computadores que serão periciados e analisados”, afirmou.
O QUE DIZ O GOVERNO
Em nota, o Governo do Tocantins disse que não existem servidores fantasmas na atual administração. Quanto à operação, a nota diz que a mesma não aconteceu em órgão público do Estado e não está relacionada à atual administração.
“Ainda assim, a afirmação por parte da imprensa, de que os servidores investigados seriam lotados na Secretaria de Governo, confirmam que os mesmos não compõem a atual administração, em virtude de a Secretaria de Governo já ter sido extinta”, finaliza a nota.
O QUE DIZ A DEPUTADA VALDEREZ
"A deputada estadual Valderez Castelo Branco não foi informada oficialmente sobre o assunto. Ela esclarece que, assim que tomar conhecimento dos fatos, se colocará à disposição para dirimir todas às dúvidas.
Assessoria de Comunicação"