Pedro Caldas

Família espera há 4 anos julgamento de motorista bêbada que matou médico renomado

Polícia concluiu que a jovem estava embriagada e dirigia sem habilitação.

Por Redação 1.243
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13/12/2021 09h36 - Atualizado há 2 anos
Médico Pedro Caldas

Quatro anos depois da perda do médico e triatleta Pedro Caldas aos 40 anos de vida, a família ainda espera por justiça. O júri popular do caso está marcado para o dia 14 de março de 2022, após ter sido adiado em agosto de 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus.

Pedro Caldas foi atropelado por uma condutora embriagada no dia 12 de novembro de 2017 e ficou mais de um mês em coma lutando pela vida, mas morreu no dia 16 de dezembro em consequência das complicações de um grave traumatismo craniano.

Pai de três filhos, o médico Pedro Caldas e o colega Moacir Naoyuk corriam na Marginal Leste em Palmas, se preparando para competições, quando foram violentamente atropelados por um Ford Fiesta conduzido por Iolanda Costa Fregonesi, hoje com 25 anos. Moacir se recuperou do acidente, mas Pedro, não.

Conforme a conclusão do inquérito policial do caso e a denúncia do Ministério Público do Tocantins (MPTO) recebida pela justiça, Iolanda estava alcoolizada e não tinha sequer carteira de habilitação. Ela se negou a fazer teste do bafômetro, foi detida no momento, mas acabou liberada após pagar fiança de R$ 3 mil.

A Polícia Civil indiciou Iolanda pelos crimes de homicídio qualificado na direção de veículo automotor, tentativa de homicídio qualificado, embriaguez ao volante e por dirigir sem a devida habilitação.

Uma dor que não passa

Pai do médico, Luciano Caldas lembra com carinho do filho e ressalta que a dor nunca cicatrizou. A demora para o julgamento do caso, portanto, trata de deixar as coisas mais difíceis para toda a família.

“Pedro era um profissional exemplar, exercia a medicina com muita ética, precisão e atenção aos pacientes. Ele também cuidava muito bem dos três filhos. Neste momento, vamos completar o quarto ano sem ele conosco e sinto uma dor no peito muito forte, ainda mais quando lembro que os meus netos perderam a chance de ter um convívio grande com o pai”, lamenta Luciano.

Especializado em reprodução humana e ginecologia, Pedro Caldas tinha uma atuação reconhecida em Palmas.

Polícia lembra de outra ocorrência de trânsito envolvendo Iolanda

Responsável por concluir o inquérito do caso em janeiro de 2018, o delegado Hudson Guimarães ressaltou, na época, que Iolanda já havia se envolvido em uma ocorrência de trânsito semelhante, com vítimas, no ano de 2016.

Na ocasião, a então estudante conduzia um veículo Honda Civic e colidiu contra um casal que trafegava em uma motocicleta em um trecho próximo ao Jardim Taquari, região Sul da Capital.

“Na ocasião, ela agiu da mesma forma que no caso do Pedro Caldas. Estava alterada e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As vítimas estavam em uma motocicleta e tiveram fratura exposta. Na época, elas decidiram não representar criminalmente”, disse o delegado Hudson Guimarães Leite durante as investigações.

Boate Kiss e dolo eventual

Na semana passada, no Rio grande do Sul, a Justiça concluiu o julgamento do caso da Boate Kiss, de Santa Maria. A tragédia matou 242 pessoas após um incêndio na casa noturna.

Os sócios do estabelecimento e outros réus foram condenados por homicídio, sob a tese do dolo eventual. Isso ocorre porque os acusados - embora não tivessem a intenção de matar - assumiram o risco de forma deliberada, causando a situação extrema.

Esse tipo de discussão deve se repetir no julgamento de Iolanda em março.

Embriaguez potencializa risco de mortes no trânsito

Levantamentos do Programa Respeite a Vida pelo Trânsito, de São Paulo, mostra que o risco de morte em qualquer ocorrência de trânsito no qual tem envolvimento de pessoa embriagada é até três vezes maior.

Além disso, em dezembro de 2012, foi sancionada no Brasil a Lei 12.760 que estabeleceu tolerância zero ao álcool no volante e reforçou instrumentos de cumprimento da Lei Seca: provas testemunhais, vídeos e fotografias passaram a ser aceitos como prova que o motorista dirige sob efeito de álcool.

“Infelizmente, ainda vemos muita gente sem qualquer responsabilidade, consumindo grandes quantidade de bebida e pegando um carro. Quem faz isso assume o risco de matar, porém, mais do que isso, pode destroçar uma família como aconteceu conosco”, afirma Luciano Caldas.

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