Polícia Federal

Fiscais recebiam propina do Minerva, Boi Forte e empresa Gelnex em Araguaína, diz PF

Por Agnaldo Araujo 1.082
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30/08/2017 15h16 - Atualizado há 5 anos
A Operação Vegas deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (30) mirou diversos servidores do Ministério da Agricultura no Tocantins e desmanchou um gigantesco esquema de propina e vantagens indevidas concedidas os responsáveis pela fiscalização das carnes colocadas para consumo humano. Segundo a decisão do juiz federal João Paulo Abe, que autorizou a operação, animais infectados com tuberculose e infecções generalizadas foram liberados para consumo humano por um auditor fiscal do Ministério da Agricultura. Cerca de 115 policiais federais cumpriram 51 mandados judiciais nos municípios de Araguaína, Nova Olinda, Gurupi e Paraíso do Tocantins, sendo uma prisão preventiva, 10 prisões temporárias, 12 mandados de condução coercitiva e 28 mandados de busca e apreensão. O nome da operação é uma alusão a um diálogo interceptado no qual um dos investigados afirma que tudo que se passa em VEGAS fica em VEGAS. Prisão preventiva Entre os alvos da PF está Dagoberto Machado Prata, que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele é Auditor Fiscal Federal Agropecuário e responsável pelo Serviço de Inspeção Federal e foi apontado como um ‘dos principais corruptores e beneficiário de vultosas propinas originadas dos frigoríficos submetidos à fiscalização federal agropecuária’. Além de receber um pagamento mensal de R$ 6 mil de sócios do frigorífico Minerva, em Araguaína, Dagoberto era agraciado com ‘kits’ de carnes, que eram destinados à ração de animais de sua fazenda, a seus cães, e até mesmo, com o pagamento regular de suas despesas com combustíveis. As informações colhidas pela primeira fase da “Operação Lucas” apontam que ele era o responsável por atos de corrupção variados recebendo vantagens que oscilavam de mesadas da ordem de R$ 50 mil a rejeitos frigoríficos aproveitados em suas fazendas. Até mesmo a ração de seus cachorros advinha dos frigoríficos, que custeavam suas despesas com gasolina, seu consumo mensal de carne (as ‘melhores peças’ seriam por ele separadas), e a lavagem para a criação de seus porcos. "Em contrapartida ao relacionamento simbiótico com o frigorífico LKJ (Boi Forte), Dagoberto permitia, dentre outras coisas, que carcaças manifestamente contaminadas por tuberculose fossem destinadas a consumo humano, impedindo que a planta frigorífica da empresa LKJ em Araguaína fosse fechada, pelo absoluto descumprimento das normas sanitárias e de segurança alimentar previstas para o setor", pontuou o juiz. Prisão temporária (5 dias) Rogério Ilário Alves Anteriormente, fiscal conveniado da Superintendência Federal de Agricultura do Tocantins. Também foi apontado como ativo corruptor no esquema de fraudes à fiscalização dos produtores de carnes e laticínios. Ele também atuava em conjunto com Dagoberto e seria o destinatário preferencial de vantagens ilícitas custeadas mensalmente pelas empresas Boi Forte e Gelnex. Depoimentos também apontaram que Rogério acobertaria a movimentação irregular de animais, cujos documentos eram posteriormente falsificados ou adulterados pelos auditores Fredson e Dagoberto. Wagno Oliveira Silva Anteriormente, fiscal conveniado da Superintendência Federal de Agricultura no Tocantins e desde o início de 2017 estaria atuando como auxiliar de inspeção contratado pela empresa LKJ Frigorífico LTDA – Boi Forte. Ele seria o destinatário mensal de propinas pagas pela empresa Gelnex, tendo sido, posteriormente, contratado pelos frigoríficos que outrora fiscalizava. Fredson Ronei Candido Inspetor veterinário da Superintendência Federal de Agricultura do Tocantins. Atuava em conjunto com Dagoberto recebendo valores indevidos e concorrendo para mascarar ou para obstar a incidência das normas sanitárias, em detrimento dos frigoríficos investigados. Orliomar Martins da Cruz Citado diversas vezes como o destinatário preferencial de vantagens indevidas advindas, a princípio, do frigorífico Minerva. Depoimentos apontam que ele também recebia R$ 5 mil mensais da empresa Minerva. Além desse valor, ele também recebia mensalmente “kits” de carne e, semanalmente, a gasolina do veículo e mais R$ 8 mil. Priscila Sousa – Naelson Georlando Santos – Marcelo Pereira da Costa – Wanderlei da Silva Araujo – Florisbel Pereira dos Santos Todos são inspetores veterinários. As investigações apontaram ainda a participação de todos eles no esquema de propina. As propinas variavam entre R$ 3 mil e R$ 1 mil, pagos mensalmente, com o objetivo de obter a constante liberação de produtos de origem animal independentemente da qualidade apresentada. Os inspetores também seriam beneficiários, à semelhança dos demais servidores, de ‘kits’ de carnes para consumo regular e até mesmo, do combustível para seus veículos e máquinas. Cleverson Baum Também teve a prisão preventiva decretada. Condução coercitiva Felipe Nauar Chaves; Daniella Dandi de Freitas Sousa; Jean Paulo Gallett; Sidney Moreira de Andrade; Sebastião Gomes Machado; Osvaldo Stival Junior; Simey Alves Jacintho Candido; Paulo Roberto Thibes; Lidia Maria de Sousa Lira; Marcelino Martins Bringel; Larissa Alves Fernandes Brandão Leandro; Geraldo Heleno de Faria. Busca e apreensão Nas residências e escritórios de: Dagoberto Machado Prata; Orliomar Martins da Cruz; Felipe Nauar Chaves; Daniella Dandi de Freitas Soousa; Jean Paulo Galletti; Cleverson Baum; Sidney Moreira de Andrade; Rogerio Ilario Alves da Silva; Wagno Oliveira Silva; Fredson Ronei Candido; Priscila Sousa Silva; Naelson Georlando Santos Marcelo Pereira da Costa; Wanderlei da Silva Araújo; Florisbel Pereira dos Santos; Sebastião Gomes Machado; Osvaldo Stival Junior; Simey Alves Jacintho Candido; Paulo Roberto Thibes; Lidia Maria de Sousa Lira; Marcelino Martins Bringel; Larissa Alves Fernandes e Geraldo Heleno de Faria; Nas fazendas: Pratinha e Nossa Senhora Aparecida, de propriedade de Dagoberto Machado Prata Na sede das empresas: LKJ Frigorífico LTDA., Gelnex Indústria e Comércio LTDA., Frigorífico Minerva (especificamente na sala dos fiscais) e Indústria e Comércio de Carnes e Derivados Boi Brasil LTDA.

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