Política

Humorista tocantinense Paulo Vieira sobre gestão Bolsonaro: 'sabia que seria ruim, estava na cara'

'É um governo de várias ausências, de vários nadas'.

Por Redação 1.618
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14/05/2020 10h42 - Atualizado há 3 anos
Paulo Vieira (esq.) e Bolsonaro

O humorista tocantinense Paulo Vieira ficou duplamente ‘quarentenado’ este ano. Antes de entrar em retiro forçado por causa da pandemia do novo coronavírus, o apresentador do "Fora de Hora", da Globo, passou um tempo internado por conta de uma meningococcemia.

Plenamente recuperado, mas em casa, o comediante conversou com o UOL Entrevista sobre seu tipo de humor, política e outros temas.

Quarentena

"Estava gravando um filme e era minha última diária. Acordei me sentindo muito mal e pedi para o meu empresário para ver se conseguia passar as minhas cenas para mais tarde, já que mina diária começava cedo e eu não tinha condições de gravar. Aí fui piorando, piorando.... O pessoal do filme veio até minha casa, eu me vesti aqui, maquiei em casa e gravei quase morrendo. Fui para o hospital e acabei recebendo esse diagnóstico de meningococcemia, que é a bactéria que causa a meningite espalhada pelo sangue.

E aí saio da quarentena da meningococcemia e veio para essa quarentena do mundo. Eu estava brincando com um amigo que se eu pegar mais outra quarentena eu posso pedir música no "Fantástico". Depois da quarentena eu quero férias, quero ficar em casa, em paz, com o país andando”.

Política

"Acho que o grande aprendizado que esse vírus vai deixar para o Brasil é sobre a importância de eleger representantes que entendam de Brasil e que entendam a necessidade do povo brasileiro. Acompanhando o grupo da minha família, eu noto que o grande aprendizado no final das contas vai ser 'eu não posso eleger um representante que não pense em mim', 'eu não posso escolher alguém que quando precisa escolher entre a minha vida e a vida da minha família escolha o dinheiro ou o empresariado'.

Eu sabia que o governo Bolsonaro seria um governo ruim. Sempre soube. Estava na cara, ele disse, ele não mentiu. Tudo o que ele disse que faria ele realmente fez. É um governo de várias ausências, de vários nadas. Eu sabia que seria um governo ruim, mas eu nunca pensei que fosse tão na cara, sabe”.

Áudios na Quarentena

"Assim que começou a quarentena, comecei a receber reclamações no WhatsApp. 'Poxa, eu estou em casa sem fazer nada, podia gravar novos episódios'. Os fãs são meio doidos. Eu falei que não tinha condições de gravar, mas comecei a mandar áudios brincando com aquele universo da série, falei com os outros atores, comecei a montar roteiros para entreter o grupo de fãs. Começou a viralizar e aí comecei a fazer mais também. Esse poder de viralização dos áudios para mim, pelo menos, prova a comunicação que esses personagens têm com o povo, a força que eles têm”.

Retrato da pobreza

"Na televisão a gente passou muito tempo seguindo aquela coisa: 'quem gosta de pobreza é intelectual', dizendo que o pobre não quer ver pobreza, que o pobre não quer se ver na tela. Então não quer ver preto, gordo, gente fora do padrão. Quer ver loiros, ricos, em suas mansões. Então eu acho que cada cada vez que acontece um fenômeno de viralizar uma coisa essencialmente do povo, acho que é o povo dando o recado de que gosta sim de se ver, de ser representado, de ser assistido, se ouvir, de ter a vida dele contada onde ele sempre viu a vida dos outros. É o que eu conheço e o que eu sei, eu sei falar da minha família, da minha mãe, da minha realidade, da minha infância.

Pedir para eu não falar de pobreza é a mesma coisa que pedir para o Mano Brown cantar Bossa Nova. O que eu tenho de mais pessoal é o que interessa às pessoas. É o que mais se comunica com todo mundo, todo mundo já passou por isso. O povo brasileiro passou por isso. As pessoas se identificam com a realidade. Na verdade, eu não entendi desde cedo que meu filão era pobreza, entendi desde cedo que meu filão era a sinceridade”.

Veja a entrevista completa

Vídeo

 

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