DESUMANO!

Locutor morre à espera de UTI em Araguaína enquanto governo troca secretário da Saúde

Duas vagas chegaram a surgir na UTI, mas foram ocupadas por outros pacientes.

Por Márcia Costa 6.108
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26/10/2021 10h45 - Atualizado há 2 anos
Antonio era morador do Povoado Ponta do Asfalto

O locutor Antônio José Marcos da Silva, 40 anos, não resistiu à longa espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morreu na madrugada desta terça-feira (26), apenas duas horas depois de ter, finalmente, conseguido a vaga.

Antônio José estava em coma na UPA desde a última quinta-feira (21) aguardando uma transferência para o Hospital Regional de Araguaína (HRA).

Durante o período de espera, o hospital chegou a disponibilizar duas vagas na UTI, mas os leitos foram ocupados imediatamente por outros pacientes, mesmo o locutor estando com quadro de saúde gravíssimo e correndo risco de perder a vida a qualquer momento. A família ficou revoltada com o descaso.

Irmã do paciente, Alda Marcos relatou que após a denúncia publicada no portal AF Notícias, a direção do HRA comunicou que havia uma vaga disponível, mas a transferência ocorreu tarde demais.

"A vaga surgiu no início da noite, umas 19h. Fui para a UPA, mas a moça da Sala Vermelha disse que o leito havia sido ocupado novamente. Fiquei indignada! Às 22h30 surgiu outra vaga e, por volta da meia-noite, ele chegou ao Hospital Regional, mas faleceu na madrugada, às 2 horas”, lamentou Alda Marcos. Contudo, ela acredita que o irmão chegou à unidade praticamente sem vida. 

Segundo a irmã do paciente, após o óbito, a equipe médica explicou que para identificar a causa da morte era preciso levar o corpo para o Instituto Médico Legal (IML), a fim de abrir a cabeça e fazer exames. "Falei que eles deveriam ter tido cuidado com ele quando estava com vida. Agora não adianta!", lamentou.

Antônio José Marcos da Silva morava no povoado Ponta do Asfalto, município de Wanderlândia, e trabalhava como locutor em portas de lojas em Araguaína. A família não sabe exatamente o que aconteceu, pois ele teria sido submetido a exames de saúde enquanto estava em coma na UPA.

Segundo a irmã, o locutor foi encontrado desacordado e inconsciente após cair e bater a cabeça no batente da porta na manhã da última quarta-feira (20/10). A família suspeita que ele tenha sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O QUE DIZ A SAÚDE?

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que lamenta profundamente o falecimento do paciente, ocorrido por Acidente Vascular Cerebral (AVC) na madrugada desta terça-feira (26), especificamente às 02h24, no Hospital Regional de Araguaína (HRA).

Conforme a nota, a transferência do paciente para a sala vermelha do HRA foi autorizada pelo médico plantonista na tarde desta segunda-feira (25), às 16h50. Porém, o paciente só foi encaminhado pela UPA à unidade hospitalar durante a noite, cuja entrada ocorreu às 23h53.

O QUE DIZ A UPA?

O Instituto Saúde e Cidadania, responsável pela gestão da UPA, confirmou que o paciente foi transferido para a UTI do Hospital Regional de Araguaína (HRA) apenas na noite desta segunda-feira, dia 25.

Segundo a nota, durante o tempo em que esteve na UPA, o paciente recebeu toda a assistência médica necessária, incluindo exames. A família também recebeu informações diárias sobre o estado de saúde do paciente.

O ISAC ressalta que a UPA é uma unidade de saúde de assistência transitória e o paciente deveria ficar apenas 24 horas internado no local. Contudo, em função da falta de vagas nos leitos de UTI, o paciente permaneceu na unidade por mais tempo.

"Atualmente, o HRA é a referência da UPA. E com isso, a UPA encaminha todos os pacientes para o hospital e apenas eles e a regulação estadual podem solicitar vagas para UTIs de outros hospitais", explica a nota.

MUDANÇAS NA SAÚDE

Enquanto pacientes morrem à espera de leitos de UTI, o Estado do Tocantins vive um novo momento de instabilidade política e administrativa após o afastamento do governador Mauro Carlesse (PSL) por suspeitas de corrupção.

O governador em exercício Wanderlei Barbosa exonerou o secretário de Estado da Saúde, Edgar Tollini, e nomeou Afonso Piva de Santana, que ocupava o cargo de superintendente de Aquisição e Estratégias de Logística da pasta.

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