Polêmica

Formandos de medicina estão impedidos de atuar nos hospitais públicos do Tocantins

Estudantes do internato poderiam ajudar no combate à pandemia.

Por Conteúdo AF Notícias 2.415
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30/03/2021 15h00 - Atualizado há 3 anos
Cerca de 100 alunos foram imunizados, mas não estão atuando nos hospitais da rede pública

Estudantes do curso de medicina da Universidade Federal do Tocantins (UFT) estão impedidos de fazer estágio nos hospitais da rede pública estadual. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) alega que os formandos representam risco de contaminação pela covid-19 para os pacientes internados, mas eles negam.

A denúncia foi feita ao AF Notícias por alunos do 11º período que já estavam desenvolvendo as atividades práticas nos hospitais antes do início da pandemia. Segundo a denúncia, as atividades foram suspensas em Palmas no dia 16 de março de 2020, retomadas em 25 de janeiro de 2021 e suspensas novamente no dia 1º de março desde ano.

São cerca de 100 alunos de pelo menos três turmas. Eles disseram que já foram imunizados contra a covid-19 durante este período e, por isso, não representam risco.

Nos depoimentos a seguir, os alunos pediram para não ser identificados por medo de represálias.

Prática suspensa!

"O nosso internato foi suspenso antes do registro do 1º caso de covid em Palmas. Ficamos do ano passado até o final de janeiro deste ano sem atividades práticas. Voltamos a ter prática em janeiro e, novamente, as atividades foram suspensas. Durante esse período ficamos praticamente abandonados. As faculdades particulares não pararam, mas nós não conseguimos progredir no curso", disse uma estudante.

Os alunos argumentam que a prática, sobretudo durante a pandemia, é fundamental para que os futuros médicos possam enfrentar os desafios da profissão. Eles acreditam que essa seria a chance de os alunos aprenderem na prática sobre como lidar com uma emergência sanitária mundial e situações de estresse.

Imunização contra a covid-19

“Voltamos esse ano e tivemos umas cinco semanas de prática, mas o Governo do Estado simplesmente parou nosso internato alegando que os alunos representavam risco de contaminação aos pacientes. Mas todos os alunos já foram vacinados durante esse período. Precisamos realmente vivenciar esse período de pandemia, não sabemos se poderá aparecer outro vírus. Fizemos capacitação e estamos preparados para ajudar mesmo que não seja diretamente no combate à doença, estamos lutando para voltar. Sentimos-nos preparados para ajudar a população nem que seja com coisas básicas, como boletim e atendimentos nas unidades básicas de saúde. Não entendemos como a formação de novos médicos não seja prioridade na atual situação”, declarou outra formanda.

“A falta dessa prática, que chamamos de internato, afeta muito nossa formação. Fizemos quatro anos de teoria e necessitamos de dois anos de prática. Como vamos aprender sem essa prática?”, questionou outro futuro médico.

Coordenação do Curso

A coordenação do curso de medicina da UFT, em Palmas, afirmou que aguarda apenas a liberação por parte da Secretaria de Estado da Saúde (SES) para que os formandos voltem aos hospitais.

“Estamos prontos para retomar o trabalho, estamos apenas aguardando a liberação por parte da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que foi quem proibiu a entrada dos estudantes nos hospitais”, confirmou o professor e coordenador do curso, Dr. Pedro Manuel Gonzales Cuellar.

O que diz o CRM?

Já o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) disse ao AF Notícias que expediu uma recomendação de afastamento dos alunos em abril de 2020, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde e orientou aos “secretários de Saúde e aos Diretores Técnicos dos estabelecimentos de saúde do Estado do Tocantins, públicos e privados, que não aceitem nos hospitais a presença de estudantes de medicina em regime de internato nesse período de pandemia do coronavírus Covid-19”, diz um trecho da nota assinada pelo presidente do CRM-TO, Dr. Jorge Pereira Guardiola.

Confira a íntegra da recomendação aqui.

O que diz a Secretaria de Estado da Saúde 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse, em nota, que a entrada e circulação de pessoas nos hospitais estaduais estão restritas, em virtude das altas taxas de contaminação da Covid-19 no Estado. Tal medida se estende a acompanhantes e aos estudantes, que fazem estágios supervisionados nas unidades hospitalares.

“A SES informa ainda que todas as Instituições de Ensino Superior e Técnico foram comunicadas da suspensão, uma vez que cabe às universidades a função de prestar os esclarecimentos juntos aos seus acadêmicos. Tal medida pode ser revista a qualquer momento, caso os números da pandemia se revelem mais promissores", finaliza a nota.

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