Tecnologia sustentável

Mosquitos infiltrados vão combater o Aedes aegypti em cidade do Tocantins, a 1ª no Norte do Brasil

Serão liberados mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças.

Por Redação
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20/01/2023 15h22 - Atualizado há 1 ano
"Mosquitos do bem" vão combater a própria espécie que transmite várias doenças

O município de Porto Nacional, localizado a 61 km de Palmas, adotou uma tecnologia inovadora e sustentável que usa mosquitos Aedes aegypti do Bem para combater a própria espécie, fazendo o controle da população de fêmeas transmissoras de doenças. É a primeira na região Norte do país a adotar a medida.

A experiência será aplicada inicialmente nos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova, os quais possuem a maior infestação de mosquitos da cidade. Foram registrados 657 casos de dengue em 2022 – número 20 vezes maior do que o registrado em 2020, quando houve apenas 32 casos confirmados da doença.

De acordo com o prefeito Ronivon Maciel, a iniciativa tem o objetivo de preservar a população da doença que já matou 987 pessoas durante o último ano no Brasil, recorde anual de óbitos por dengue desde 2015. 

"Porto Nacional será o primeiro município do Tocantins e da região Norte a usar o Aedes do Bem no combate ao mosquito da dengue e esperamos, com isso, contribuir com a erradicação dessa doença que tanto maltrata a nossa população. Sabemos que os desafios são grandes, mas juntos podemos vencer", disse.

Como funciona

Desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011, em Campinas (SP), a solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2020 e, além de ser livre de inseticidas químicos, é altamente eficaz no controle biológico do mosquito Aedes aegypti.

A empresa vai instalar as Caixa do Bem em 102 pontos distintos nos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova, que reúnem 6.974 moradores, cerca de 10% da população de Porto Nacional, em uma área total de 170 mil metros quadrados.  

O Aedes do Bem é uma tecnologia de controle biológico que libera Aedes aegypti machos que não picam e não transmitem doenças. O produto é composto por uma caixa reutilizável e refis contendo os ovos de mosquitos com a característica autolimitante.

As larvas do Aedes do Bem se desenvolvem dentro da Caixa do Bem assim que ela é ativada com água limpa. Quando os machos atingem a fase adulta, voam da caixa para o ambiente urbano, procuram ativamente e acasalam com as fêmeas do Aedes aegypti – que picam e são responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Deste cruzamento, as fêmeas não sobrevivem e apenas os descendentes machos chegam à fase adulta, herdando dos pais a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti.

Os Aedes do Bem agem especificamente no controle do Aedes aegypti e não afetam outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas e joaninhas; não causam nenhum dano ao meio ambiente, às pessoas e aos animais. Não são tóxicos e nem alergênicos. Não se concentram ao longo da cadeia alimentar e não causam efeitos adversos quando consumidos por outros animais.

Programação em Porto Nacional

Na última segunda-feira, dia 16, aconteceu uma reunião entre os profissionais da Oxitec, agentes da prefeitura, equipe dos conselhos e postos de saúde e representantes da comunidade. Na ocasião, os especialistas da multinacional apresentaram todos os detalhes da Tecnologia do Bem e tiraram dúvidas do público presente.

Já nos dias 17 e 18, funcionários da Oxitec e da Prefeitura realizaram atividades presenciais nas áreas de tratamento dos bairros Nova Capital, Jardim Brasília e Vila Nova. O objetivo da ação foi avaliar os melhores pontos para a instalação e posicionamento das 102 unidades da Caixa do Bem (48 no bairro Nova Capital, 30 no Jardim Brasília e 24 no Vila Nova), engajamento e autorização dos moradores da instalação das caixas e armadilhas de monitoramento no local.

Nessa quinta-feira, dia 19, aconteceu a ativação oficial das caixas nas áreas de tratamento. “Ter a possibilidade de implantar a solução em Porto Nacional, o primeiro município da região Norte do País a receber nossa tecnologia, é motivo de muita alegria e a oportunidade de alcançarmos mais municípios também no Nordeste. São regiões de altas temperaturas e chuvas constantes, o que aumenta a incidência de criadouros do Aedes aegypti”, afirma Natalia Ferreira, diretora da Oxitec Brasil

96% de supressão do Aedes aegypti em Indaiatuba/SP

As liberações de mosquitos Aedes do Bem em comunidades urbanas densamente povoadas e afetadas pela dengue no município de Indaiatuba, no interior de São Paulo, levaram à supressão significativa da população de Aedes aegypti local em até 96%.

estudo, que foi publicado na revista científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology e revisado por pares, testou duas doses diferentes de liberação de mosquitos machos Aedes do Bem. Durante o pico da temporada de mosquitos (novembro de 2018 a abril de 2019), as populações do Aedes aegypti em áreas tratadas foram suprimidas entre 88% e 96% em relação às áreas não tratadas.

Sobre a Oxitec

A Oxitec é líder no desenvolvimento de soluções biológicas para o controle de pragas que transmitem doenças, destroem plantações e prejudicam o gado. Fundada em 2002 na Universidade de Oxford, a Oxitec é liderada por uma equipe apaixonada composta por 15 nacionalidades e é apoiada por parceiros públicos, privados e sem fins lucrativos de classe mundial.

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