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O impacto das feridas psicoemocionais nos relacionamentos interpessoais | Psicólogo Edilson Barros

Um comportamento que desagrada não necessariamente é dotado de uma intencionalidade consciente.

Por Redação 1.724
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02/09/2019 14h24 - Atualizado há 4 anos

François de la Rochefoucauld disse uma vez que “quando não conseguimos encontrar tranquilidade dentro de nós mesmos, de nada serve procurá-la noutro lugar.” De fato, conforme tem provado a psicologia e outras ciências, só doamos ao outro aquilo que temos. Portanto, se o nosso tecido emocional e estrutura psicológica se encontra permeado por conflitos e lixo emocional não tenha dúvida de que isto vai refletir em nossa dinâmica interativa com o outro.

Ocorre que nem sempre estamos atentos às questões psicológicas que permeiam nossas relações e, não raramente, utilizando-se de uma cegueira emocional, dificuldade de promover empatia e vivenciar a escuta ativa, exigimos daqueles que nos circundam comportamentos e interações, “momentaneamente”, incoerentes com sua condição psicológica.

Desta forma, não compreendemos a luz de uma perturbação psíquica advinda de uma experiência traumática não ressignificada, quando estes nos causam desarmonia emocional, desequilibram relações e têm comportamentos regados a muita raiva.

Como explicar nossa insensibilidade para com o sofrimento alheio? Muitos poderão dizer que isso tem relação com os tempos modernos, fase onde a disponibilidade socioafetiva para si e para o outro, “para muitos”, já não é mais uma vivência constante. Entretanto, uma explicação de cunho psicológico nos leva a refletir sobre a possibilidade da existência de feridas emocionais que nos colocam em situação de vulnerabilidade psicossocial, impedindo-nos de acolher as dores psicoemocionais do outro.

O fato é que a dinâmica das relações humanas é constantemente permeada por diversos fatores de caráter psicológico. Portanto, um comportamento que desagrada, desafia, machuca emocionalmente e patologiza a relação não necessariamente é dotado de uma intencionalidade consciente por parte do praticante.

Na verdade, pode ser que por trás de toda essa dinâmica patológica exista apenas um sujeito que, diante de uma condição insuportável de sofrimento psíquico, desencadeado por diversas experiências traumáticas, sobretudo, aquelas ligadas a abusos vivenciados em tenra idade, esteja apenas pedindo socorro ou se utilizando de mecanismos de defesa para enfrentar seu a dia a dia.

Antes de julgar, romper vínculos e descartá-los, questione-se da possibilidade de que o sujeito poderá não estar vivendo um bom momento. Para tanto, esteja bem e isento das sequelas advindas de suas feridas emocionais.

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Edilson Barros é psicólogo organizacional e do trabalho na Universidade Federal do Tocantins, campus Araguaina; professor do curso de psicologia da Faculdade Católica Dom Orione; especialista em gerontologia; possui formação em etrapia comunitária sistêmica integrativa; é especialista em gestão pública e sociedade; especialista em criminologia; mestre  em ciências da saúde. 

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