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Opinião | O SUS pode dar certo? - por Dr. Edgar Tollini, médico e secretário de Estado da Saúde do Tocantins

"Existe um reforço constante nesta rotulação do Sistema Único de Saúde como ineficiente"

Por Edgar Tollini
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17/01/2020 09h19 - Atualizado há 4 anos
Dr. Edgar Tollini, médico e Secretário de Estado da Saúde

Amigo leitor, quando peço a você que imagine um hospital público, que imagem vem à sua mente? Estou arriscando uma resposta que envolva uma visão caótica, de descaso, com hospitais lotados, pacientes nos corredores, ambientes sujos e escuros: quase cinematográfico! Existe um reforço constante nesta rotulação do Sistema Único de Saúde como ineficiente.

Claro que o serviço tem inúmeros defeitos e necessidades, no entanto, estamos trabalhando para fortalecer cada aspecto e com o tempo, ele vai se aperfeiçoando e os usuários reconhecem, indicam, compartilham suas boas experiências vividas. Um retrato não usual do SUS, que trago a você hoje.

É o caso do senhor Valdenor Oliveira, que enquanto prestava serviço para sua empresa, recebeu uma descarga elétrica que afetou seus órgãos internos e ele precisou de atendimento de urgência na unidade de saúde mais próxima: o Hospital Geral de Palmas.

Por se tratar de um acidente ocorrido durante o exercício de seu trabalho, a empresa responsável ofereceu deslocamento do colaborador para um hospital da escolha de dona Niva Francisca Souza, esposa do senhor Valdenor. Não houve necessidade, a artesã foi categórica.

“Todo o quadro era muito delicado, a transferência seria um risco e o atendimento que estávamos recebendo era adequado, percebi a preocupação de toda a equipe em querer que ele ficasse bem, a preocupação em cuidar dele da melhor forma possível”, é o que conta dona Niva, que hoje ajuda o senhor Valdenor em sua recuperação.

Talvez não tenha sido veiculado nos noticiários locais, mas dona Maria Márcia também é agradecida pelo atendimento que a pequena Rhianna recebeu. Com uma cardiopatia pediátrica congênita, até pouco tempo, seria necessária a transferência para outro estado para a realização do procedimento. Após parceria entre profissionais do Estado já capacitados e o município de Araguaína, Rhianna realizou sua cirurgia perto de casa e hoje já se recupera bem. 

“Fomos tão bem atendidas, a equipe tirou todas as nossas dúvidas e supriram nossas necessidades. Foi uma boa cirurgia, gostei de ter sido aqui no Tocantins, sem deslocar pra um lugar desconhecido com ela. Hoje ela já está aqui, brincando”, é o que conta dona Maria Márcia.

Desde o início da parceria, há quatro meses, 11 crianças realizaram suas cirurgias. O sucesso foi absoluto: todos os procedimentos tiveram resultados positivos. A previsão é que a fila, hoje com cerca de 40 crianças, esteja zerada até o fim deste ano que acaba de se iniciar.

A expectativa é alcançar o cenário do serviço de Hemodinâmica, por não haver pacientes que aguardam por procedimentos desta especialidade, seja diagnóstico ou cateterismo cirúrgico. Aliado a isso, a reabertura do serviço de cirurgias cardíacas, após dois anos fechado, já beneficiou mais de 60 pacientes somente no último semestre. Sendo assim, no que diz respeito ao atendimento de pacientes com patologias relacionados ao coração, o Tocantins é referência.

Será que chegou ao seu conhecimento a reabertura da Unidade de Cuidado Agudo ao AVC? Dedicada exclusivamente aos usuários que chegam vítimas de Acidente Vascular Cerebral, a unidade aumenta a celeridade no atendimento e consequentemente eleva as chances de recuperação do paciente em até 35%. O espaço é recomendado pelo Ministério da Saúde para uma melhor assistência e usualmente é encontrado apenas em grandes centros. Mais uma vez, o Tocantins se destaca.

Importante mencionar outra prática que eleva o nível do atendimento do SUS no estado: imagina você, leitor, assistindo a uma neurocirurgia para retirada de tumor cerebral, enquanto o paciente conscientemente diz seu nome, idade e profissão. Essas são as cirurgias neuronavegadas, hoje comuns no HGP, somente no último ano, foram 347 procedimentos. 

Você deve conhecer alguém que ficou no HGP por um longo período aguardando por uma cirurgia. Eram mais de 140 pacientes internados aguardando cirurgias ortopédicas no início de 2019, a maioria delas, decorrentes de acidentes de trânsito. Hoje, pouco mais de 60 pacientes estão no aguardo.

O tempo médio de internação também foi reduzido significamente: antes, 45 dias eram necessários entre a entrada do paciente e a alta após o procedimento, hoje, a média de 15 dias retrata todos esses esforços que romantizariam o SUS, caso viralizassem.

É necessário estarmos atentos ao que nos cerca e a realidade que vivemos. No Tocantins, o conjunto de ações realizadas pelo Governo do Estado tem feito com que paulatinamente os pacientes substituam o sentimento de desconfiança por admiração, alívio e gratidão. Existe um SUS que dá certo e você precisa conhecê-lo.

Dr. Edgar Tollini
Médico e Secretário de Estado da Saúde

gabinete@saude.to.gov.br  

Dr. Edgar Tollini, médico e Secretário de Estado da Saúde

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