Covid-19

Ômicron é detectada em mais de 30% das amostras colhidas no Tocantins e outros estados

A maioria dos casos está nos estados de São Paulo e no Rio de Janeiro.

Por Redação 1.387
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30/12/2021 11h18 - Atualizado há 2 anos
Foto de ilustração sobre a variante Ômicron

Um levantamento feito pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) a partir de 640 exames positivos para o coronavírus identificou que 31,7% das infecções foram causadas pela variante Ômicron.

A análise considerou 30,4 mil testes RT-PCR realizados por duas redes de laboratórios privados em 16 estados brasileiros entre os dias 1º e 25 de dezembro. Segundo o virologista Anderson Brito, pesquisador científico do instituto, os resultados mostram que a variante se espalha rápida no Brasil. 

Entre os 604 testes positivos analisados, 203 (31,7%) indicaram a presença da variante Ômicron em oito Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Goiás, Santa Catarina e Tocantins. A maioria dos casos está nos estados de São Paulo e no Rio de Janeiro, onde mais de 50 infecções da Ômicron foram identificadas.

Os resultados também indicam que as infecções geradas pela nova variante cresceram ao longo do mês. Na última semana de dezembro, 40% dos casos positivos analisados eram da Ômicron. No dia 25, essa relação chegou a 75% do total.

De acordo com o virologista Anderson Brito, responsável pelo levantamento, a análise indica que o comportamento da variante no Brasil é semelhante ao observado em outros países em que a Ômicron está presente. “[A Ômicron] onde é introduzida, passa a ser predominante numa questão de semanas”, disse.

Apesar disso, o virologista ressaltou que o tamanho da amostra analisada é insuficiente para avaliar se a Ômicron também vai se tornar predominante no Brasil. Isso só seria possível de observar com ampla testagem da rede pública e sequenciamento genético do vírus. “O cenário mais ideal, de fato, seria ter acesso a dados de testagem da rede pública, na escala de milhões, e sequenciamento na casa dos milhares”, afirmou.

O País é um dos que menos realizam sequenciamento genético no mundo. Até o início de dezembro, dos 22 milhões de casos de covid-19 confirmados, só 0,35% foram sequenciados em laboratório. O índice é inferior até ao de países com nível socioeconômico mais próximo, como Chile (0,91%) e África do Sul (0,82%).

Em São Paulo, onde o primeiro caso da Ômicron foi identificado no dia 30 de novembro, por exemplo, 97% dos casos positivos de covid-19 identificado entre os dias 5 e 11 deste mês foram da variante Delta, segundo o boletim epidemiológico da rede de alerta das variantes do Sars-Cov-2, do Instituto Butantan. A Ômicron apareceu em seguida, com 2,5% dos casos - superando a Gama, presente no país desde o início deste ano. 

A amostra, no entanto, é vista como um bom termômetro para avaliar a situação da pandemia, já que os dados do Ministério da Saúde sofreram um apagão desde o ataque hacker sofrido no dia 10 deste mês e impedem uma análise mais precisa do cenário epidemiológico. “Num cenário de apagão de dados do Ministério da Saúde, estas análises com base em mais 30 mil testes de RT-PCR Thermo Fisher (apenas disponíveis na rede privada) é ampla o suficiente para nos trazer as informações urgentes que carecemos”, disse o virologista.

Para o diretor-presidente do ITpS, Jorge Kalil, os dados servem de alerta para os próximos dias, com as festas de réveillon. "É preciso lembrar que a pandemia não acabou”, disse. “É urgente que os brasileiros completem o ciclo de vacinação contra a covid-19, incluindo a dose de reforço, e não abandonem a máscara, a higiene das mãos e o distanciamento social".

Kalil também ressaltou a necessidade de se prevenir para evitar a piora da pandemia no momento em que o País vive surtos do vírus da gripe H3N2, que também pressiona o sistema de saúde. Atualmente, o Brasil tem dificuldade de saber a real consequência da circulação dos dois vírus devido ao apagão do Ministério da Saúde. Os laboratórios, no entanto, registram alta de casos positivos, tanto para a covid-19 quanto para a gripe. No Grupo Fleury, a procura por testes de covid-19 dobrou, mas o alerta vem da taxa de casos confirmados: perto de 20%. “Estava com positividade de 3% a 2%, a nossa maior baixa. De repente começou a subir o número de pedidos e de positividade”, disse nesta terça-feira o infectologista Celso Granato, diretor clínico do grupo, um dos principais de medicina diagnóstica. No caso do vírus influenza (gripe), a situação também é atípica: mais de 27 mil testes só em dezembro (48% de positivos).

Situação similar é relatada pela rede Dasa, que reúne mais de 900 unidades ambulatoriais no País: a taxa de positividade da covid passou de 1,38% no dia 4 para 11,4% no último domingo. Virologista da Dasa, José Eduardo Levi diz que o índice de positividade era o mais baixo da pandemia no início do mês. São Paulo e Rio são os principais responsáveis por elevar a média. No caso da influenza, a positividade na Dasa subiu de 7% (dia 1º) para 24%, no sábado.

Para Levi, as festas de fim de ano podem ser uma das explicações, assim como o avanço da Ômicron. No exterior, essa combinação já tem resultado em recordes de casos – embora sem registros de explosões de hospitalizados e mortes, como em outras fases da crise sanitária.

Já a média móvel (dos sete dias anteriores) de exames confirmados de covid relatados pelas secretarias estaduais da Saúde segue tendência distinta. Caiu de cerca de 8,7 mil no início do mês para perto de 5 mil na terça-feira. No fim do ano, tradicionalmente, as redes têm mais dificuldade de atualizar as bases de dados e é comum que registros fiquem represados.

Em nota, o ministério informou que as plataformas para registros de dados de infectados e vacinados – como e-SUS Notifica, SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações) e ConecteSUS – já foram restabelecidas na última semana. “A pasta trabalha para restabelecer as demais plataformas afetadas o mais rápido possível”, disse.

Einstein diz que 60% dos casos de Covid sequenciados nos últimos 30 dias são da variante ômicron

Um monitoramento feito pelo Hospital Albert Einstein, de São Paulo, mostrou que 62% das amostras de coronavírus sequenciadas pela instituição entre os dias 26 de novembro e 26 deste mês foram da Ômicron. O total de casos sequenciados no período foi 35, dos quais 22 eram a nova variante e outros 13 provocados por diferentes linhagens da Delta.

O balanço do Ministério da Saúde divulgado na segunda-feira, dia 27, registra a confirmação oficial de 74 casos de Ômicron no País e outros 116 estão em investigação. Essa diferença entre os números registrados é atribuída às falhas que os governos estaduais reportaram nos sistemas do Ministério da Saúde nas últimas semanas durante o registro de dados.

Como a Ômicron é identificada

A Ômicron tem diversas mutações e deleções (remoções de fragmentos de genes), e uma em particular afeta os códons 69 e 70 do gene S (linhagem Ômicron BA.1). Quando esse trecho do gene S não é identificado no teste RT-PCR Especial, é possível indicar que se trata da Ômicron.

Sobre o Instituto Todos pela Saúde (ITpS)

O Instituto Todos pela Saúde (ITpS) é uma entidade sem fins lucrativos criada com o objetivo de ajudar o Brasil a se preparar para o enfrentamento de futuras emergências sanitárias. Neste primeiro momento, está trabalhando com informações sobre a covid-19. O ITpS tem três frentes de atuação – vigilância epidemiológica, análise de grandes volumes de dados (big data) e formação de recursos humanos – com o objetivo de ajudar o Brasil a obter informações científicas relevantes para a tomada de decisões estratégicas no campo da saúde pública. 

São parceiros institucionais do ITpS a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Hospital Israelita Albert Einstein, o Hospital Sírio-Libanês, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). 

As informações são do Estadão. 

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