O encontro foi marcado por um longo e fraterno abraço, sob muitas lágrimas.
"Emocionante". Assim foi descrita a cena do reencontro protagonizado por pai e filha, separados há quase quatro décadas.
A reaproximação de Pedro Lopes de Oliveira e Eliete Alves de Oliveira aconteceu na manhã de sexta-feira (9), na sede da Delegacia de Combinado, região sudeste do Tocantins, sob aplausos de policiais, autoridades e população local.
As investigações sobre o paradeiro do pai foram iniciadas a partir de um telefonema da filha, que mora em Ibotirama (BA). Segundo ela, o pai poderia residir na região da circunscrição da Delegacia de Combinado. Com as informações, a Polícia Civil iniciou as diligências e localizou Pedro em Brasília (DF).
Posteriormente, a equipe de policiais civis organizou o reencontro na sede da unidade em Combinado (TO). Pedro deslocou-se de Brasília e Eliete do Estado da Bahia. Os parentes, de família humilde, prepararam-se para o importante momento, marcado por um longo e fraterno abraço, sob muitas lágrimas.
Nas palavras do delegado Diego Camargo Mariano de Brito, o momento foi ímpar em sua atuação profissional. "Ficamos uma semana empenhados em descobrir o paradeiro daquele pai desaparecido. Nós, como policiais civis, não apenas combatemos diariamente a criminalidade, mas também estamos preocupados com o bem estar da família, na sua vertente dignidade”, ressaltou.
Separação
Pedro Lopes de Oliveira teria mantido relação afetiva com a mãe de Eliete Alves de Oliveira no final dos anos de 1970, mas após desentendimentos do casal, a mãe, Euvíria Alves da Silva, mudou-se levando a criança. Desde então, a mãe impossibilitou o contato entre pai e filha, omitindo registro de seu nascimento para que mantivesse desconhecidas as informações sobre sua origem biológica.
Segundo Eliete, a mãe teria começado um novo relacionamento amoroso e sendo, ambos, brancos, e a filha mulata, o sentimento de não pertencimento à família só aumentava. O sonho de reencontrar o pai sempre esteve presente, ainda mais após a mãe abandonar-lhe, chegando ela a contratar detetives particulares para descobrir o endereço do pai e recebeu a informação errônea de que ele havia falecido. Eliete seguiu sua intuição e entrou em contato com a Polícia Civil no Tocantins.
A legislação nacional reconhece o estado de filiação como um direito personalíssimo do indivíduo, sem prazo para ser exercido e como instrumento de efetivação do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.