Vítimas confinadas ainda estão com dificuldades para denunciar seus agressores.
Os relatos de terceiros sobre brigas de casais na internet aumentaram 431% desde o início do isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus, mostra um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FSBP) em parceria com a empresa de pesquisas Decode Pulse.
No total, foram analisadas 52.315 menções no Twitter, das quais 5.583 indicavam a ocorrência de violência doméstica contra mulheres.
No estudo do FBSP sobre brigas de casais, além do aumento de mensagens na rede social, foi verificado que:
Segundo o Fórum, a pesquisa foi feita após vários países registrarem aumento nos casos de violência contra as mulheres desde que a pandemia do novo coronavírus se espalhou pelo mundo.
“A partir da análise exclusiva dos métodos tradicionais de pesquisa, às vezes é difícil obter uma estimativa correta de casos, porque as mulheres têm medo de falar, ainda mais confinadas com seus potenciais agressores. Por isso decidimos escutar o que seus vizinhos e parentes estavam dizendo nas redes, e observamos a variação dos relatos”, afirma Renato Dolci, CEO da Decode Pulse.
Dificuldades para denunciar
O estudo verificou ainda que as vítimas confinadas em casa estão com dificuldades para denunciar seus agressores, pois, em geral, os casos de lesões corporais dolosas demandam a presença física das vítimas na hora de registrar o boletim de ocorrência (BO).
A pesquisa levantou números dos BOs em cinco estados e mostrou que somente no Rio Grande do Norte houve um aumento dos registros. Entre março de 2019 e março de 2020, as denúncias de violência doméstica contra mulheres tiveram a seguinte variação:
“As mulheres que estão confinadas podem estar encontrando dificuldades para fazer o registro das ocorrências, uma vez que a principal porta de entrada para denunciar esses crimes são as delegacias de polícia”, observa a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno.
“Por isso é muito importante que governos e sociedade civil organizada atuem juntos diversificando os canais de atendimento às mulheres em situação de violência”, acrescentou.
Homicídios de mulheres e feminicídios crescem
O FBSP também fez levantamento sobre feminicídio e homicídios de mulheres com dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Segurança de São Paulo, Pará, Acre, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Norte.
A maioria dos números apresentou crescimento na comparação entre os meses de março de 2019 e março de 2020, indicando que a violência doméstica e familiar está em ascensão.
“Os dados oficiais e a pesquisa digital indicam o aumento da violência doméstica e a dificuldade que as mulheres têm tido em acessar os equipamentos públicos presencialmente. É fundamental que sejamos capazes de inovar tanto nos mecanismos de denúncia, que podem ser feitos por terceiros, quanto no atendimento e orientação a estas mulheres”, diz o estudo.
As informações são do G1.