O estoque atual de oxigênio é suficiente para atender a uma demanda urgente?
Após o colapso provocado pela falta de oxigênio em hospitais no Amazonas, o Tribunal de Contas do Tocantins (TCE/TO) enviou ofício à Secretaria Estadual da Saúde no início da manhã desta terça-feira (19) questionando sobre o estoque do produto na rede de saúde.
O documento assinado pelo conselheiro Alberto Sevilha, da 6ª Relatoria, e fixa um prazo de três dias para envio de respostas para os seguintes questionamentos:
1) O estoque atual de oxigênio é suficiente para atender a uma demanda urgente, se ocorrer algo semelhante ao Estado do Amazonas?
2) Considerando a alta de casos, há número suficiente de profissionais da saúde para atender à população?
3) Quais diligências estão sendo tomadas para evitar que aconteçam problemas semelhantes aos enfrentados no Amazonas?
4) Qual é a situação dos contratos com empresas que fornecem oxigênio para o Governo do Estado?
5) Considerando que o Governo Federal já estabeleceu o cronograma de imunização, consulta-se se o respectivo Estado possui quantidade suficiente de seringas.
O envio do documento levou em consideração a recomendação nº 1/2021 do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), emitida para “atuação diante do aumento no número de casos de Covid-19 e o colapso do sistema de saúde no estado do Amazonas.”
Clique aqui e confira a íntegra da recomendação:
ENTENDA
O Estado do Amazonas foi o primeiro a ver seu sistema de saúde entrar em colapso na pandemia do novo coronavírus, em abril. As cenas que mostravam câmaras frigoríficas nos hospitais e o enterro das vítimas da covid-19 em trincheiras rodaram o mundo. Desde junho, quando Manaus registrou queda no número de novos casos e o Estado anunciou os planos de reabertura econômica, a situação parecia ter melhorado.
Com novos recordes de internação e aumento de 193% nos sepultamentos de dezembro para janeiro, o prefeito da capital, David Almeida (Avante), decretou estado de emergência por 180 dias. O ápice dessa nova crise foi visto nesta quinta-feira (14), quando o fim do estoque de oxigênio em unidades hospitalares levou pacientes internados à morte por asfixia.
A White Martins, produtora de oxigênio hospitalar em Manaus, não está conseguindo atender a “demanda exponencial” do sistema de saúde e tenta viabilizar a importação de oxigênio da operação da empresa em outros locais, como na Venezuela.
Segundo a companhia, a demanda por oxigênio ficou cinco vezes maior nos últimos 15 dias, alcançando um volume de 70 mil metros cúbicos por dia, superando a quantidade necessária diariamente na primeira onda da pandemia, entre abril e maio de 2020, quando o consumo de oxigênio alcançou um pico de volume de 30 mil metros cúbicos por dia.
Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz-Amazônia, afirmou que desde agosto havia sinais de que a situação ia piorar se não fosse interrompida a circulação do vírus. Ele criticou a divulgação do estudo que apontava que Manaus havia atingido a imunidade de rebanho: “Fizemos um comentário técnico do artigo apontando os erros, mas ele nunca foi retratado. Isso circulou pelo meio político, nas mesas de bar. A partir dali a população relaxou e o final da história é esse que vimos nesta manhã de completo colapso”.