Em Muricilândia

Tocantins se despede de Dona Juscelina, uma das maiores líderes quilombolas no estado

Ela faleceu nesse sábado, 3 de julho, no Hospital São Lucas.

Por Joselita Matos 1.162
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05/07/2021 09h39 - Atualizado há 2 anos
Dona Juscelina deixa um grande legado para o Tocantins

A histórica Dona Juscelina, uma das maiores líderes quilombolas do Tocantins, faleceu nesse sábado (3), Dia Nacional Contra a Discriminação Racial. Ela morava na comunidade quilombola que leva o seu nome, em Muricilândia, região norte do estado.

Lucelina Gomes dos Santos faleceu no Hospital São Lucas, em Araguaína, e foi sepultada neste neste domingo (4) em Muricilândia. A matriarca do quilombo vinha sentindo dores devido à idade e pedra na vesícula.

O prefeito da cidade, Alessandro Borges (PL), destacou que Dona Juscelina era a principal referência estadual da luta pelo reconhecimento das comunidades quilombolas e deixa um grande legado. Ela foi a primeira idosa a ser imunizada contra a covid-19 em Muricilândia.  

O deputado federal Vicentinho Júnior também destacou a trajetória de Dona Juscelina. "Uma mulher simples de uma sabedoria imensurável. Dona Juscelina se despediu de nós, mas deixa um legado de luta, de quem não hesitou em enfrentar, com serenidade e fé, os desafios da vida. Tive a honra, não só de conhecê-la, mas de contar com o seu carinho e amizade. Neste momento de muita tristeza e reflexão, que a sua trajetória de vida seja um incentivo a continuar lutando por um Tocantins de oportunidades para todos", escreveu o parlamentar.  

Prefeito Alessandro Borges e Dona Juscelina  

Em março deste ano, o Conselho Superior (Consuni) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) concedeu título de Doutora Honoris Causa à Dona Juscelina. O título é atribuído a personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.

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Fortalecimento de sua comunidade

Ao ser indicada para receber o título, a UFT justificou que a Dona Juscelina foi protagonista da sua comunidade, sendo uma liderança nata, agindo pela organização política interna e o seu fortalecimento, auxiliando também às comunidades vizinhas, como Cocalândia e Dona Eva, em processo de reconhecimento, em sua organização e reconhecimento como quilombolas, no diálogo constante e de alto nível com a universidade.

Também destacou a sua participação e incentivo ao combate ao trabalho escravo contemporâneo, na defesa dos territórios quilombolas e na ativa participação na formação de estudantes universitários de Araguaína e região, especialmente da UFT/Unidade Cimba do Campus de Araguaína.

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Conheça Dona Juscelina

Dona Juscelina, nascida em 24 de outubro de 1930, na cidade de Nova Iorque (MA), é neta de uma cativa. Benzedeira, devota e romeira de Padre Cícero, do Divino Espírito Santo, também foi lavradora, parteira, quebradeira de coco e griô, presidindo o Conselho de Griots da Comunidade desde a fundação.

Ser griô é ter a missão de repassar os saberes e história para os mais jovens e, assim, propiciar também os conhecimentos dos ancestrais, além de ensinar como é a organização da comunidade e sua historicidade.

Recebeu o Título de Cidadã Muricilandense, título concedido pela Câmara Municipal de Muricilândia no ano de 2012 pelos relevantes serviços prestados à cidade de Muricilândia na construção de uma comunidade negra quilombola, resgatando e incentivando a cultura e os direitos desta comunidade.

No ano de 2016, como reconhecimento por sua importância na luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola, recebeu o Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos - Categoria VIII - Igualdade Racial, concedido pela Secretaria de Cidadania e Justiça do Tocantins.

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