Segurança

Ex-superintendente da PF no Tocantins é novo Diretor Nacional de Combate ao Crime

Por Agnaldo Araujo
Comentários (0)

02/03/2018 11h40 - Atualizado há 5 anos
O ex-superintendente da Polícia Federal do Tocantins, Elzio Vicente da Silva, vai comandar a Diretoria de Combate ao Crime Organizado da PF, segundo cargo mais relevante na hierarquia da polícia. A informação foi confirmada pelo O Globo e ocorre porque o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, decidiu trocar todos os diretores setoriais indicados para os cargos pelo ex-diretor Fernando Segovia. Elzio Vicente ocupou o cargo na PF do Tocantins de 2011 a 2013 e atualmente é superintendente da Polícia Federal em Brasília, onde é um dos delegados mais experientes e respeitados dentro da instituição. Ex-promotor que fez concurso para delegado por gosto pelo ofício, Elzio fez parte da equipe do ex-diretor Paulo Lacerda, que inaugurou o período das grandes operações de combate à corrupção. Elzio Vicente , aliás, esteve à frente de algumas das mais impactantes ofensivas da polícia contra o crime de colarinho branco, entre elas as operações Anaconda, Furacão e Navalha. Deflagrada em 2003, a Anaconda, quebrou um tabu ao botar na cadeia um dos mais poderosos juízes federais de São Paulo, Rocha Mattos, condenado por corrupção. A Furacão (ou Hurricane) resultou na prisão de quase todos os grandes bicheiros do Rio em 2007 e deixou em delicada situação desembargadores e até um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), suspeitos de favorecer os criminosos. A Navalha expôs, também em 2007, a vasta extensão das relações espúrias entre donos de empreiteiras, políticos e outros agentes públicos, inclusive policiais. As três operações, que tiveram forte repercussão, serviram de parâmetro para outras grandes ações da polícia. Discreto, Elzio passava ao largo do noticiário da época e ainda hoje, mesmo como superintendente em Brasília, um cargo administrativo, se mantém longe das câmeras. Isso vale também para o período em que foi superintendente no Tocantins e Mato Grosso. Elzio não gosta de ser filmado, fotografado ou mesmo citado. Quando acontece algum caso relevante e que deve ser tratado publicamente, em geral, o superintendente escala um outro delegado para dar entrevista. Mas se fala pouco e quase não aparece em público, o delegado tem fama de trabalhar até de madrugada. Metódico e paciente, ele não costuma desistir de nenhuma investigação, nem das mais espinhosas. Foi ele quem, de longe, coordenou a equipe responsável pela Operação Acrômino. A operação começou com a simples apreensão de pouco mais de R$ 100 mil em poder do lobista Benedito Oliveira no aeroporto de Brasília e quase derrubou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. No Grupo de Inquérito Especiais (Ging), responsável pelos inquéritos contra deputados, senadores, ministros e até o presidente da República, Elzio é visto como um ídolo. "Ele vai mesmo ser o diretor? Se for, vai ser muito bom. Ele é excelente", disse um dos delegados do Ginq ao Globo na quarta-feira ao ser informado de que Elzio estava cotado para chefiar a diretoria de Combate ao Crime Organizado. Em 2008, Elzio foi chamado para depor na CPI das Escutas Clandestinas para falar sobre a Furacão. Durante o interrogatório, a deputada Marina Magessi tentou encurralar o delegado. A parlamentar, não reeleita, quis saber se Elzio tinha usado parte da escuta telefônica não incluída no relatório final da operação. "Respondendo à pergunta da senhora: não. Não sei se... Provavelmente, não foi utilizado. O que eu quero dizer é o seguinte: não tenho autorização, por parte do presidente da investigação, que à época era o Dr. Cezar Peluzo, Ministro do Supremo Tribunal Federal, para tratar de fatos concretos referentes a essa investigação", ele respondeu. Em seguida acrescentou: "se o objetivo for realmente tratar das questões, das técnicas utilizadas, daquilo que eventualmente é feito em caso hipotético, eu me sinto com liberdade de esclarecer aqui esses pontos e tudo mais. Em referência a fatos concretos, em razão do segredo de Justiça atribuído ao fato, a toda a investigação, seja pelo Ministro Cezar Peluzo, seja posteriormente pela dra. Ana Paula Vieira de Carvalho, não posso tratar desses assuntos em concreto". A deputada insistiu alegando que as informações sobre a operação já tinham sido divulgas pelos jornais. "Existe o que foi determinado pelo Ministro, o que foi determinado pelo juízo", respondeu o delegado, reafirmando que não falaria em hipótese alguma sobre o conteúdo da investigação. “Ele é um cana, que gosta de ser cana. Não adianta vir com conversa mole com ele”, costumava dizer na época um dos chefes do jovem delegado.

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.