Caos na saúde da capital

Faltam médicos, roupas e medicamentos nas UPAs de Palmas; 'muito triste', diz paciente

Por Agnaldo Araujo
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13/03/2018 09h46 - Atualizado há 5 anos
“Tomei uma medicação e precisava deitar, mas não tinha como porque as camas não têm forro”. O relato é de uma professora de Palmas que esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul da capital com queixa de dores na coluna. A Defensoria Pública Estadual esteve na UPA no dia em que a professora buscou atendimento, na sexta-feira (09), e constatou falta de rouparia para atendimento adequado aos pacientes. Já na UPA Norte faltavam principalmente medicamentos e insumos. As vistorias foram realizadas pelo Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa) da Defensoria, coordenado pelo defensor público Arthur Luiz Pádua Marques. A DPE foi informada na UPA Sul que a quantidade de lençóis enviada pela secretaria de Saúde é insuficiente para atender a demanda da unidade. Outro ponto informado é que muitos lençóis são extraviados quando pacientes são enviados a outros hospitais. Além do problema da rouparia, a UPA Sul não tem suprimento de fundos para compras emergenciais. Além disso, o relatório da vistoria destaca que “faltam oxímetros, glicosímetros, aparelhos para aferir pressão arterial e termômetros”. Na Ala de Observação Pediátrica da UPA Sul, a informação apurada pela DPE é que não há médico pediatra de plantão, apenas médicos socorristas. “Que dentre a falta de materiais, insumos e equipamentos, faltam os seguintes itens: sabão esmático, polifix, fio de sutura, sondas longas para lavagem gástrica, oxímetro e glicosímetro”, consta no relatório. Outra situação registrada pela DPE é a de que os pacientes e acompanhantes não têm refeição oferecida pela UPA, mesmo os que ficam até 24horas na unidade. UPA Norte A vistoria confirmou que faltam insumos e medicamentos importantes na rotina da UPA Norte, como tramal (composto utilizado para dor) e ranitidina (indicado para o tratamento de úlcera no estômago). “Na semana anterior faltou diazepam”, consta no relatório da vistoria. O referido medicamento é utilizado principalmente para controlar situações de ansiedade. Ainda faltam medicamentos básicos como dramim, beta 30, fitas utilizadas no aparelho glicosimetro. Conforme o relatório da vistoria na Enfermaria Feminina, “alguns pacientes usam o medicamento dolantina por falta do tramal, o que prejudica a saúde dos pacientes, visto que é uma droga mais forte do que o paciente necessita”. Além disso, foi verificado que a UPA Norte também não tem suprimento de fundos para compras emergenciais. Os pacientes e acompanhantes não têm refeição, apenas os servidores recebem alimentação na unidade. A Defensoria está providenciando recomendação para a Secretaria Municipal da Saúde para regularizar todas as inconformidades. Pacientes Na UPA Sul, a filha de um paciente relatou a situação em que o pai dela, um aposentado de 84 anos, estava no momento do atendimento e da vistoria realizada pela DPE. “Eu não sou médica e não trabalho na área da saúde, mas eu sei que o risco de infecção é grande [sobre a maca estar sem lençol]. Eu não sabia que não tinha lençol, senão, eu tinha trazido”, disse ela. Diante da situação, a filha preferiu deixar o pai sentado para ele não se deitar na maca, evitando assim o contato direto com o colchão. Ouvida pela Defensoria no momento da vistoria na UPA Sul, a professora lamentou a situação na unidade. “A gente espera vir para um lugar desse e ser bem atendida. O tanto de imposto que pagamos e quando precisamos desse retorno em forma de atendimento, não temos. É triste, muito triste!”, finalizou.

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