Duas mulheres morreram recentemente enquanto aguardavam leitos de UTI.
O Tocantins registrou um salto alarmante de 60% no número de mortes por covid-19 em relação à média de duas semanas atrás. Segundo dados do Consórcio Nacional de veículos de imprensa, atualizados na noite desta quarta-feira (12), o estado está atrás apenas do Amazonas, que teve alta de 69% nos óbitos.
Além do Tocantins, outros seis estados registram alta no número de mortes causadas pela doença nos últimos 15 dias: Amazonas (69%), Santa Catarina (43%), Amapá (38%), Minas Gerais (30%), Mato Grosso do Sul (27%) e DF (17%). Nos outros estados da federação esse o registro de mortes por covid está em queda ou estável.
Em todo estado já foram registradas 482 mortes e 33.766 casos confirmados de pacientes contaminados pelo novo coronavírus, dos quais 12.700, estão ativos, de acordo com os dados do Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nesta quarta (12). Deste total, 301 pacientes estão hospitalizados, sendo 126 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 175 em leitos clínicos.
À ESPERA DE LEITO DE UTI
Com o agravamento da situação, pacientes estão morrendo sem a devida assistência. Na última sexta-feira, 7 de agosto, a tocantinense Rosimeyre Ferreira, de apenas 37 anos, faleceu à espera de um leito de UTI. Ela estava internada em Porto Nacional e, pouco antes de falecer, enviou um áudio para sua irmã e chegou a implorar para ser entubada.
"Meyre, por favor, me tira daqui. Não tô aguentando mais, Meyre, por favor, por favor. Tudo que você tá me falando de manter a calma, eu tô no meu limite. Não dou conta mais. Se um médico perguntar pra mim se eu quero entubar, eu quero. Eu não aguento mais, eu não aguento. Por favor", clamou a paciente antes de morrer. Rosimeyre era formada em geografia pela UFT.
Na terça-feira (11), a moradora de Palmas Edilma da Silva Goulart, de 49 anos, também faleceu sem conseguir um leito de UTI. Ela ficou dias internada na Unidade de Pronto Atendimento da região sul da capital e apresentava quadro grave da doença, com pneumonia, diabetes e hipertensão.
O Ministério Público até conseguiu uma liminar determinando a transferência dela para um leito de UTI, mas foi tarde. O corpo de Edilma da Silva Goulart foi enterrado nessa quarta-feira (12).
RESPIRADORES ENCAIXOTADOS
Enquanto pacientes morrem aguardando leito de UTI, dezenas de respiradores enviados pelo Governo Federal ao Tocantins encontram-se encaixotados na sede da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que alega falta de profissionais para operar os equipamentos.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou três inquéritos para investigar o mau uso dos recursos federais enviados para enfrentamento da pandemia no estado, um deles mira os respiradores encaixotados.