Crise na Saúde

Médico de Araguaína inicia greve de fome para cobrar do Governo cerca de um ano de pagamento atrasado

Por Mara Santos
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31/08/2016 17h13 - Atualizado há 5 anos
O médico anestesiologista Roberto Corrêa de Oliveira iniciou, na manhã desta quarta-feira (31), em frente ao Hospital Regional de Araguaína (HRA), uma greve de fome reivindicando o pagamento de cerca de um ano de pagamentos em atraso. Em nota, o médico alega que as dificuldades enfrentadas pela classe se agravaram desde que o atual secretário de Estado da Saúde, Marcos Esner Musafir, assumiu a pasta. Segundo ele, o secretário tem agido de forma autoritária e desrespeitosa com a classe, representada pela Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Tocantins (Coopanest), acusando-os de agir de forma irresponsável para com os pacientes internados no Hospital Geral de Palmas (HGP). Embora ressalte que o ato é de caráter individual e não representa a opinião da diretoria da cooperativa ou de seus cooperados, o médico explica que a classe trabalha há cerca de 30 anos por meio da cooperativa, sem vínculo empregatício com o Estado, recebendo apenas o correspondente à sua produção. No entanto, os pagamentos não estariam sendo efetuados há cerca de 12 meses, deixando os profissionais em sérias dificuldades financeiras. “Alguns relatam que estão passando até fome e que não têm dinheiro nem para deixar o estado. Muitos estão endividados e já se desfizeram de patrimônio, e estando endividados em instituições financeiras, encontram-se impedidos de pegar mais crédito. É uma grande covardia o que estão fazendo com a nossa especialidade”, pontuou. “Quais são as reais intenções do atual secretário de saúde, do excelentíssimo governador Marcelo Miranda? Deixar-nos de joelhos para aceitarmos qualquer migalha que nos ofereça na próxima renegociação contratual, à realizar-se em novembro próximo? [...] Você não tem o direito de se apoderar do fruto de meu trabalho, quem dirá estalar o seu chicote nas minhas costas exigindo que eu trabalhe sem receber por isso”, conclui o médico de Araguaína. Cooperativa apoia atitude O presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Tocantins (Coopanest-TO), Mário Sérgio, afirmou que a entidade apoia 100% a atitude do médico de Araguaína e ficou inclusive surpreso. “Um reflexo da carência e do que todo mundo está sentido. Chegamos ao desespero. Neste dia 1º de setembro comemora 1 ano de dívida do Governo com a cooperativa, totalizando R$ 1,75 milhão”, relatou Mário Sérgio. O presidente relatou ainda que três profissionais pediram desligamento da cooperativa só neste mês de agosto. “Como um anestesista vive no interior do Estado sem receber durante um ano? Os anestesistas do Tocantins estão indo embora. Não tem como sobreviver. Cheguei aqui em 1989. Tem 29 anos que dou meu sangue de manhã, tarde e noite. Nunca faltou um anestesista de plantão no Hospital Regional de Gurupi, onde atuo”, desabafou. Mário Sérgio conta que a Cooperativa conseguiu levar médicos especialistas a todas as cidades do interior do Estado, e os profissionais viviam satisfeitos pois, embora o pagamento também atrasasse alguns meses nos governos anteriores, o repasse atrasado era feito numa única parcela. “Agora, nesse governo, chegamos ao limite de ficar um ano sem receber”, acrescentou. A Secretaria da Fazenda chegou a fazer um empenho de R$ 1,6 milhão para pagamento dos profissionais, mas o secretário de Saúde mandou cancelar. “O Estado vem usando dessas artimanhas. Promete, mas não paga. Fica só na conversa”, lamentou Mário Sérgio. Assista ao vídeo [af_youtube url="https://youtu.be/DlA9dpq3Uh0"]

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