Fragilidade do processo

Nomes de acadêmicos mortos e que estudam no IFTO constam na lista de aptos a votar em eleição da UFT

Por Agnaldo Araujo
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22/03/2016 09h04 - Atualizado há 5 anos
Eduardo Azevedo // Blog do @eduardoazev Nomes de quem já abandonou a Universidade Federal do Tocantins (UFT) há vários anos, de ex-acadêmicos que já morreram e até mesmo de quem está finalizando sua graduação em outra instituição federal constam na lista de acadêmicos aptos a votar na pesquisa eleitoral para escolha da nova reitoria da UFT, que ocorrerá nesta terça-feira (22/03). Em uma pesquisa realizada na lista de discentes foi constatado que pelo menos 11 pessoas, sendo nove vinculadas ao curso de Comunicação Social – Jornalismo, uma de Ciência da Computação e outra de Arquitetura e Urbanismo, não deveriam constar na listagem. O primeiro caso verificado foi o de José Valdênio Leite Teixeira, ex-acadêmico de Jornalismo, que foi encontrado assassinado em sua residência no dia 26 de abril de 2014. Assim como este caso, também foi encontrado na lista o nome de Rômulo Ery Santos Freitas, que era estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo. Ele morreu em um acidente no ano passado. Ambos os nomes estão na relação divulgada pela Comissão Eleitoral. Outra instituição Outro caso é o de um ex-estudante de Ciência da Computação. O estudante informou que abandonou o curso de Ciência da Computação no semestre 2012/1. “Nunca mais nem pisei na UFT”, afirmou. No entanto, seu nome também consta como apto a votar nas eleições para a reitoria. Ele estaria afastado da UFT há mais de seis semestres letivos e atualmente estuda no Instituto Federal de Educação do Tocantins (IFTO), Campus de Palmas. Deixaram a faculdade Outras situações são de alunos que deixaram a UFT há vários anos, mas mesmo assim ainda estão na lista, como aptos a escolher o próximo reitor e vice-reitor da UFT. O ex-acadêmico de Comunicação Yhgor Leonardo Castro Leite, é um desses casos. Ele confirmou ter trancado a faculdade há quase sete anos. Após ter sido aprovado no processo seletivo 2008/1, ele resolveu deixar a graduação. “Fiz apenas três períodos”, disse. Conforme a informação repassada pelo aluno, ele trancou o curso na UFT no semestre 2009/2. Yhgor reforçou que iniciou Gestão Pública fora da UFT e que já está concluindo o curso este ano. Atualmente estudante de Administração, Kenner Roger Reis Carvalho entrou para Comunicação Social – Jornalismo da UFT no semestre 2009.2, mas não chegou a concluir o curso. Posteriormente ele iniciou uma outra graduação em outra faculdade. “Fiz três períodos de jornalismo, cheguei a me matricular no quarto, mas nunca mais fui”, disse. Ele reforçou ter deixado a graduação no ano de 2011, sem saber ao certo qual semestre daquele ano, o que daria em torno de 8 a 9 semestres afastado da UFT. Da mesma turma de Kenner, e que também consta na lista de aptos a votar no processo eleitoral, está o ex-acadêmico Adriano Cavalcante Reis e a estudante Lorrane Caroline Mesquita Nogueira. Adriano afirmou ter abandonado a UFT ainda em 2012. “Desde que deixei a faculdade nunca mais voltei lá. Não sei nem como ficou a minha situação”, declarou. Já Lorrane após deixar a graduação em Jornalismo está concluindo o curso de Fisioterapia na cidade de Marabá, no Pará. Pedro Araújo Mesquita é outro que também deixou a UFT há quatro anos. “Tranquei em 2012. Não voltei mais lá, pois fiquei desanimado por conta das greves. Fui cursar Publicidade em uma faculdade particular”, destacou. Outros na mesma situação são Paulo Cezar de Lima Pereira Júnior, Rodolfo Carvalho Brito Santos e Roseane Jaber Gouveia. O primeiro afirmou ter deixado o curso em 2011, já os dois últimos em 2012. Todos confirmaram que desde que saíram da UFT, nunca mais retornaram. Outros votantes No primeiro regimento eleitoral assinado pela Comissão Central em 17 de fevereiro, os professores e técnicos afastados por interesse particular ou cedidos, além dos alunos com matrículas trancadas, estavam impedidos de participar do processo eleitoral. No entanto, após a posse dos professores Elvio Quirino e Marcos do Santos, essas categorias – que estavam impedidas de participar da Pesquisa Eleitoral – passaram a ter direito ao voto. De acordo com informações obtidas por meio do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), atualmente 338 alunos da UFT estão com matrículas trancadas. No caso dos professores, 80 estão afastados, 07 estão cedidos ­ e 09 estão licenciados, totalizando assim 96 docentes que não estão exercendo no momento suas atividades na UFT. Já os Técnicos Administrativos são 26 afastados, 15 ­ cedidos e 13 licenciados, o que dá um total de 54 administrativos temporariamente fora do ambiente universitário. Fragilidade do processo Procurado para comentar o caso, o procurador-geral do Ministério Público Federal (MPF), Álvaro Manzano, disse que tais fatos fragilizam o processo eleitoral. “Uma das partes participantes do processo pode pedir uma depuração dessas listas, ou então, melhorar no momento da votação a questão da identificação do eleitor” disse o procurador-geral. De acordo com Mazano, tal fato pode gerar questionamentos judiciais. “Depois, se levantar provas de que houve falhas no registro dos eleitores, e se a eleição for comprometida, o processo eleitoral pode sim ser questionado judicialmente”, completou. Pró-Reitoria A Pró-reitoria de Graduação da UFT (Prograd) informou de que há um Regimento Acadêmico que determina os vínculos entre os acadêmicos e a Universidade. Conforme o Art. 77 inciso I, desse regimento O acadêmico terá sua matrícula cancelada quando deixar de renovar a matrícula por 2 (dois) semestres consecutivos ou não, situação que configurará abandono de curso, desfazendo-se o vínculo do acadêmico com a Universidade”. Conforme o regimento, os alunos citados na matéria não deveriam constar na lista.

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