Sem Velório

Sem despedida: psicólogos explicam como lidar com o luto na pandemia da covid-19

O luto pode desenvolver vários tipos de sentimentos.

Por Redação
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11/06/2021 15h35 - Atualizado há 2 anos
É importante buscar uma rede de apoio

A pandemia da Covid-19 fez com que as pessoas mudassem a relação com o luto. Para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, rituais importantes para o processo de aceitação da morte foram proibidos. As pessoas hospitalizadas com Covid-19 não podem ter acompanhantes, os velórios estão suspensos e os sepultamentos são feitos em cerca de 10 minutos, em caixões lacrados, com poucos familiares presentes.

“O luto é o sofrimento por algo ou alguém perdido, e mais que isso, é a perda de uma perspectiva de vida, uma ideia, sonho e objetivo. Temos então que, quanto maior a carga de afetividade que existia com o falecido, mais difícil vai ser o luto”, explicam os psicólogos Laíse Alcantara Argozo Separovich e Thales Nobre Quaresma Araújo, da plataforma de apoio psicológico virtual Vittude.

Estes rituais são parte da construção da perda e de despedida de alguém que a gente ama. Durante a pandemia, este processo passa a refletir sensações e sentimentos como abandono, distância, impotência e angústia.

O luto desenvolve sem algumas fases, que não necessariamente ocorrem em uma ordem específica e sem relação com a perda pela Covid-19. A negação envolve um processo de defesa, de não aceitar a perda. A raiva, outro sentimento de defesa, manifesta a sensação de injustiça –“quando mais violenta for a morte, mais a raiva pode se manifestar”, dizem os psicólogos da Vittude.

depressão é mobilizada pela tristeza, quando o enlutado olha para a sua própria dor. A barganha envolve pensamentos relacionados com a reparação, quando se questiona o que poderia ter sido feito para mudar aquela situação. Já a aceitação passa pelo entendimento de que o luto vai doer, mas de que a energia gasta com a dor pode ser investida em outras ações ou pensamentos.

“Caso a sua perda tenha sido por conta da Covid-19, faça uma pequena cerimônia simbólica na sua residência, pegue fotos, faça uma carta para a pessoa que partiu. Não poupe as crianças, chame-as para participar na medida em que elas apresentarem essa vontade, respeitando e sendo claro com o acontecimento”, sugerem os especialistas. “Lembre-se que a dor pela falta hoje é devida ao fato de ambos terem tido bons momentos juntos”, destacam.

É importante buscar uma rede de apoio, sejam os amigos, uma religião, e até mesmo uma conversa com um psicológico, caso você sinta necessidade de desabafar, de falar sem se sentir julgado ou de expor a sua dor a alguém conhecido. 

Lembre-se de que não há vergonha alguma em chorar. Se for confortável, expresse a dor escrevendo, desenhando ou de alguma forma que te ajude a manifestar a sua tristeza.

(Por Vittude)

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