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Arnaldo Filho

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Tocantins

Contrato para fornecimento de 40 mil cestas básicas teve extorsão de 50%, revela polícia

"O sistema é assim", teria afirmado um dos cobradores da extorsão.

Por Arnaldo Filho | Exclusivo 12.742
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06/01/2022 09h37 - Atualizado há 2 anos
Empresário sendo abordado por três homens na parte externa do galpão

Uma extorsão de 50% do valor de um contrato emergencial para fornecimento de 40 mil cestas básicas ao Governo do Tocantins foi o que levou à operação deflagrada na última terça-feira (4) pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

A Justiça decretou a prisão preventiva de dois homens: do empresário João Coelho Neto, 37 anos, e de Wolney Max de Souza, conhecido como 'Rosquinha', que seria um cobrador de aluguel da região de Guaraí. O portal AF Notícias teve acesso à decisão na íntegra.  

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Tudo começou em 05 de novembro de 2021, quando o empresário José Gomes de Souza Neto, o Neto Gomes, procurou a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas) almejando fornecer cestas básicas com dispensa de licitação em razão da situação de urgência decorrente da pandemia de Covid-19.

A indicação para contratação teria partido de um amigo do empresário, o secretário Bruno Barreto, da Administração (Secad).

Neto Gomes apresentou a proposta à Setas e, no dia da assinatura do contrato, ele teria sido abordado na própria secretaria pelo também empresário João Coelho Neto, que demonstrava ter conhecimento prévio de toda a situação. Na ocasião, o homem teria atuado de forma agressiva e ameaçadora, segundo o relatório da Polícia Civil: “Pra [sic] esse contrato der [sic] certo, você precisa assinar um documento pra mim, me dando poderes pra gerir esse contrato. Você vai assinar agora... entendeu? Porque eu preciso de 50% desse valor”. Porém, Neto Gomes ignorou a ameaça.

E, no mesmo dia, João Coelho Neto passou a ligar insistentemente para o fornecedor das cestas básicas, que ignorava as ligações. No início da noite, João Neto ligou para a esposa do empresário, proferindo ameaças. Conforme o relatório da Dracco, nas palavras do cobrador, “era obrigação dele receber os 50% e que de uma maneira ou de outra ele iria pagar”.

A esposa do empresário ficou sem entender o motivo da cobrança e o questionou, ocasião em que João Neto teria respondido: “porque o sistema é assim”.

No dia 7 de dezembro de 2021, João Coelho Neto, Rosquinha e um terceiro ainda não identificado pela polícia foram até o galpão da empresa de Neto Gomes, na região sul de Palmas. Segundo uma testemunha, eles entraram com a mão na cintura como se estivessem armados.

Na ocasião, Neto Gomes foi encontrado na parte externa do galpão, onde teria sofrido ameaças e agressões.

Veja parte do relatório da polícia:

No dia 17 de dezembro, após uma semana sem sair de casa, o empresário Neto Gomes decidiu denunciar a extorsão à Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).

João Coelho Neto é proprietário da empresa MC Cirúrgica Produtos Hospitalares Eireli. Segundo a polícia, apesar de participar de dezenas de processos licitatórios com municípios e órgãos estatais, e empresa não tem nenhum contrato firmado com a Setas, embora ele tenha sido flagrado por várias vezes na sede da pasta.

A princípio, o relatório da polícia não revela quem seria o beneficiário dos 50% da suposta extorsão praticada por João Coelho Neto e pelo cobrador Rosquinha.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos, mas o espaço continua aberto para manifestações.

Suspeitos dentro do galpão do empresário

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