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Arnaldo Filho

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Comércio liberado

Com muito desgaste e pouca efetividade, Cinthia não renova decreto da covid-19 em Palmas

Aglomerações mostram que a população perdeu o medo e foi às ruas.

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11/09/2020 10h22 - Atualizado há 3 anos
Praia do Prata durante o final de semana prolongado pelo feriado

A vontade de ganhar as eleições em Palmas parece ter feito a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) mudar o discurso e algumas ações. A gestora chegou a proibir a venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos e restringir o funcionamento do comércio, mas parece que, agora, isso não tem mais tanta importância. 

A vigência do decreto municipal que previa um semi-lockdown terminou nessa quinta-feira (10), após três prorrogações, mas dessa vez não foi renovado. Neste caso, o comércio volta a funcionar sem nenhuma restrição de horário. 

Não foi suficiente

Mesmo durante a vigência desse decreto, o número de casos de covid-19 cresceu consideravelmente e a Capital ultrapassou Araguaína, sendo agora o epicentro da doença no Tocantins.

No dia 13 de julho, quando o decreto entrou em vigor, eram 2.890 casos de covid-19 e 26 óbitos. Já nessa quinta-feira (10) o boletim registrou 13.966 casos (mais de 380% de aumento) e 111 óbitos (salto de 326%).

Aglomerações mostram que a população perdeu o medo e foi às ruas 

As críticas reiteradas da população e, também dos comerciantes, eram latentes. A bem da verdade, as medidas restritivas só estavam causando desgastes à gestão, sem resultados efetivos. Para tanto, basta citar os exemplos do tumulto na praia do Prata no último final de semana prolongado - aglomeração de pessoas e vendas de bebidas alcoólicas sem restrições - ou na inauguração de um grande hipermercado no centro da cidade, onde centenas de pessoas ficaram amontoadas, aguardando a abertura do estabelecimento. Restou claro, portanto, que os palmenses já não têm tanto receio da Covid-19 e que as proibições estavam sendo "para inglês ver". 

O retórico discurso da prefeita "fiquem em casa enquanto eu cuido de vocês", perdeu força. Mesmo com tantos milhões em caixa - oriundos do remanejamento do orçamento e, também, do Governo Federal - as UPAS ficaram sem remédios, sem testes e sem equipamentos para o combate à pandemia. Muitos pacientes sendo encaminhados diariamente para hospitais do Estado. 

Até a prefeita reclamou que não aguentava mais as restrições

Em vídeo divulgado nas redes sociais, a prefeita de Palmas já dava sinais que não iria renovar as proibições, uma vez que ela mesma se declarou "cansada" de sequer poder ir ao salão de beleza. Reclamou da falta de tinta que deixasse suas madeixas loiras e colocou uma enquete para os palmenses, questionando-os se ela deveria pintar o cabelo de novo ou não.

Ao que parece, a prefeita percebeu que não são apenas os salões de beleza que precisam voltar funcionar após as 20h - porque muitos usuários trabalham o dia todo - mas todo o comércio noturno, enfim. O desemprego de cozinheiros, pizzaiolos, garçons, entre outros, em razão do "infindável" decreto, foi realmente preocupante. 

A duração do decreto foi desproporcional e o enfrentamento à pandemia foi avaliado como ruim pela população da capital. Resta saber agora, avaliando o cenário eleitoral, se a decisão da prefeita de deixar, enfim, o comércio respirar, não foi tarde demais.

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