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Arnaldo Filho

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Investigação da PF

PF detalha origem de R$ 64 milhões nas contas de 'laranja' dos Miranda; veja quem depositou

Só as empresas do Grupo Umuarama e Luiz Pires repassaram cerca de R$ 10 milhões.

Por Arnaldo Filho 8.774
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26/09/2019 15h18 - Atualizado há 4 anos
Infográfico da movimentação financeira do 'laranja'

O rastreamento das operações financeiras executadas em contas bancárias abertas em nome de Alexandre Fleury Jardim, delator da Família Miranda, constatou a circulação de nada menos do que 64 milhões de reais no período compreendido entre 2005 e 2012.

O delator afirma que o controle dessas contas bancárias pertencia ao operador financeiro do esquema, Júnior Miranda, filho de Brito Miranda e irmão de Marcelo Miranda, ex-governador do Tocantins. Todos foram presos na operação da PF nesta quinta-feira (26).

A análise qualitativa das informações feita pelos investigadores da PF também indicou que havia aporte constante e sistemático de recursos financeiros oriundos de pessoas físicas ou jurídicas que mantiveram contratos de grande vulto com o Estado do Tocantins durante o período em questão.

Um dos exemplos é o caso da Construtora Rio Tocantins (CRT), de Rossine Aires, que também delatou o esquema de corrupção. Só ele, pessoa física, repassou R$ 2,3 milhões para as contas do 'laranja' e as empresas dele mais R$ 2,5 milhões. Ele ainda pagou uma fazenda avaliada em R$ 19 milhões a título de propina.   

Dos 21 repasses financeiros listados pela PF no infográfico, mais da metade superou a cifra dos milhões.

Só as empresas do Grupo Umuarama e Luiz Pereira Martins (Luiz Pires) repassaram cerca de R$ 10 milhões nas contas do ‘laranja’.

Segundo os investigadores, nenhum valor era concretamente movimentado nas contas bancárias da família Miranda.

“Os recursos auferidos ilicitamente transitavam das contas bancárias de laranjas para contas bancárias vinculadas a Alexandre Fleury, a partir da qual eram concretamente usufruídos pelo operador financeiro Brito Júnior, que se incumbia de repassá-los ao seu núcleo familiar”, diz a PF.

Outro detalhe também chamou a atenção da Polícia Federal. Os peritos constataram que, curiosamente, a movimentação bancária de Júnior Miranda caiu vertiginosamente com a primeira cassação de seu irmão Marcelo Miranda em 2009, atingindo aproximadamente 10% dos valores que ele movimentava antes deste fato.

Segundo o mencionado relatório, em 2009, Júnior Miranda movimentou mais de 5,7 milhões de reais em seu nome. Não obstante, já no ano de 2010, em que Marcelo Miranda já não estava mais à frente do Governo do Estado do Tocantins, a movimentação bancária se limitou a cerca de 547 mil reais.

“Tal constatação consubstancia fortíssimo indício da existência de uma inegável correlação entre o exercício do mandato eletivo de governador por Marcelo Miranda (elemento catalizador para a prática de crimes de corrupção) e a saúde financeira da organização criminosa”, afirma a decisão da Justiça Federal.

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