Tocantins

Ação judicial cita risco de genocídio de indígenas com avanço da Covid-19 no Tocantins

Autor da ação, MPF cobra medidas da União e Funai.

Por Redação
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14/08/2020 10h39 - Atualizado há 3 anos
Barreira sanitária em aldeia no Tocantins

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça para garantir a adoção imediata de medidas de prevenção do avanço da covid-19 entre os povos indígenas Krahô, Xerente, Krahô-Kanela, Krahô - Aldeia Takaywrá, Avá-Canoeiro, Karajá e Javaé no Tocantins.

Em decisão liminar – urgente e temporária – o MPF pede que a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) sejam obrigadas, sob risco de pagamento de multa de pelo menos R$ 50 mil por dia, a distribuir, no prazo de 48 horas, kits de higiene com equipamentos de proteção e cestas básicas em quantidade suficiente para atender as comunidades e garantir sua subsistência.

A ação judicial também pede que a Justiça determine à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) que disponibilize, também em 48 horas, cinco equipes completas de saúde, com pelo menos um médico, um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem cada, para atender essas populações indígenas.

Além disso, requer que a União seja obrigada a realizar a transferência imediata de qualquer paciente indígena que necessite de internação e a disponibilizar, da forma mais transparente possível, os dados referentes aos casos de covid-19 entre indígenas. A ação cobra ainda a inclusão de representantes de cada povo no Comitê de Crise e Enfrentamento à Covid-19.

O MPF destaca as especificidades das populações indígenas diante da pandemia, consideradas mais vulneráveis ao vírus e também alerta para o risco de genocídio desses povos.

Argumenta ainda que as providências requeridas são necessárias para assegurar a essas populações a possibilidade de distanciamento social nas aldeias e comunidades, medida imprescindível para prevenir a propagação do coronavírus.

Negligência

A ação do MPF afirma que os números de casos confirmados e óbitos em povos indígenas do Tocantins denunciam a omissão da União e da Funai diante da gestão da maior crise sanitária dos últimos cem anos a atingir o país.

Segundo dados oficiais, um quarto dos casos de covid-19 registrados nos municípios de Lagoa da Confusão, Pium e Formoso do Araguaia e na Ilha do Bananal, onde vivem os povos Avá-Canoeiro, Javaé e Karajá, se deu entre indígenas, enquanto seis das dez mortes registradas também.

Já em Tocantínia, metade dos casos confirmados ocorre entre indígenas e três óbitos a cada quatro mortes no município também.

A ação está disponível aqui.

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