POLÊMICA

Deputado do Tocantins diz que Brasil vive tempo 'muito perigoso, de igrejafobia e bibliofobia'

Ele é o novo líder da Frente Parlamentar Evangélica (FPE).

Por Eduardo Azevedo 883
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13/02/2024 09h19 - Atualizado há 1 mês
Eli concedeu entrevista ao Jornal Metrópoles

Notícias do Tocantins - O deputado Eli Borges (PL), líder da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) na Câmara dos Deputados, afirmou que o Brasil está vivendo um período de "igrejafobia" e "bibliofobia". Segundo o parlamentar, essa suposta "perseguição" ao segmento religioso estaria alinhada com políticas do atual governo federal. As declarações foram feitas durante entrevista ao site Metrópoles.

Eli Borges assumiu a liderança da bancada evangélica na última quarta-feira (07/2), juntamente com o parlamentar Silas Câmara (Republicanos-AM), com quem irá dividir o posto a cada semestre deste ano.

A declaração do deputado foi dada em resposta a perguntas sobre a relação da bancada com o governo federal. Durante a campanha presidencial de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou esforços para se aproximar desse segmento, com o qual tem menos popularidade.

Essa aproximação, no entanto, enfrenta desafios, já que grande parte da bancada evangélica, composta por 135 deputados e 22 senadores, é formada por parlamentares de siglas conservadoras, como o PL e o Republicanos. Pautas defendidas pelo governo federal, como direitos LGBTQ+ e educação sexual, são vistas de forma negativa pelo grupo.

"A gente está vivendo um tempo no Brasil muito perigoso, que eu chamo de igrejafobia, bibliofobia. E agora parece que estão criando a figura do sacerdotefobia. É horrível isso, porque são pessoas que estão aparelhadas com as políticas públicas do governo federal", avaliou Eli Borges.

Dados

Apesar das afirmações do deputado, as religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, têm enfrentado crescentes ataques, perseguições e preconceitos no Brasil. De acordo com o II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe da UNESCO, em 2020 foram registrados 86 casos no país, enquanto em 2021 esse número subiu para 244, representando um aumento de 270%.

Dados do Ministério dos Direitos Humanos indicam que somente em 2022 foram registrados 1.200 ataques a terreiros, um aumento de 45% em relação a 2020. A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro) divulgou um relatório onde lideranças de 255 comunidades tradicionais de terreiros relataram que 78% dos entrevistados já sofreram algum tipo de violência, física ou verbal, por racismo religioso.

O registro de denúncias sobre intolerância religiosa feitas ao Disque 100, um serviço do governo, cresceu significativamente, sobretudo após 2021, com um aumento de 140,3% em relação a 2018, totalizando 1.418 denúncias em 2023. No mesmo período, as violações também aumentaram, passando de 624 para 2.124, um salto de 240,3%. Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 64,5% nas denúncias e de 80,7% nas violações.

Desde janeiro do ano passado, com o endurecimento das leis, quem pratica crimes de intolerância religiosa pode pegar até cinco anos de prisão, além de multa, conforme estabelece a lei 14.532, que equipara injúria racial ao racismo e também protege a liberdade religiosa, sendo este crime imprescritível e sem possibilidade de fiança.

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