15 de outubro

Dia do Professor: 4 situações desanimadoras na rotina da profissão no Brasil

Violência e a desvalorização estão entre os itens que desestimulam estudantes interessados em formar na profissão.

Por Redação 650
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15/10/2018 11h36 - Atualizado há 5 anos
A data é comemorada no dia 15 de outubro

O Dia do Professor é comemorado anualmente no Brasil em 15 de outubro e, nesta segunda-feira, o AF Notícias apresenta quatro coisas desanimadoras ainda presentes na rotina da profissão.

Aproveitando a oportunidade, o portal parabeniza todos os professores, profissionais responsáveis pela construção de um país mais íntegro, desenvolvido e que transformam sonhos em realidade.  

1. Violência em sala de aula

Os socos que um aluno de 15 anos desferiu em uma professora em Indaial (SC), em agosto de 2017, abriram um debate nacional sobre a violência no ambiente escolar.

Para Maria Izabel Azevedo Noronha, professora e presidente dao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a violência é "consequência do abandono da escola pública".

Ela citou a superlotação de salas de aula e enxugamento de funcionários, o que dificultam aos professores conhecer individualmente os problemas de cada aluno.

Gerente-executiva de educação do Instituto Ayrton Senna, Inês Kisil Miskalo afirmou que o problema é complexo porque a escola é um microcosmo que espelha a violência da própria sociedade.

"Estamos muitas vezes lidando com alunos defasados, desmotivados, de famílias carentes. É algo que precisa ser enxergado não pela via policial, mas do relacionamento - acolhendo os alunos e suas famílias", opina Miskalo.

2. Desvalorização da carreira - financeira e socialmente

A baixa valorização e remuneração do professor gera um ciclo vicioso: a carreira não consegue atrair os melhores estudantes, as deficiências de formação se perpetuam e refletem na qualidade do ensino.

Essa desvalorização começa, segundo professores e especialistas, na ausência de planos de carreira em grande parte da rede, na defasagem salarial em relação às demais profissões e na formação deficiente.

"Valorização passa por salário, formação continuada e por (solução de) problemas estruturais", afirma Noronha, da Apeoesp. "Há professores de física, química e artes, por exemplo, que chegam a acumular mil alunos em uma única escola. É muita coisa."

E há, também, a desvalorização social. Em 2013, o levantamento Índice Global de Status de Professores, que mede o respeito e o status dos docentes na sociedade, colocou o Brasil no penúltimo lugar entre 21 países avaliados.

3. Formação que não prepara para a aula

"Não é incomum ouvir de professores novos: 'não imaginava que seria tão difícil' ou 'não tenho a menor ideia de como agir em sala de aula'. Isso porque a formação não os prepara para a docência", afirma Olavo Nogueira.

Especialistas são unânimes em dizer que a formação atual dos professores não dialoga com a realidade que encontrarão dentro das escolas, nem com os desafios da educação para o século 21.

"O professor leva um choque de realidade: ele não aprendeu elementos para transformar a teoria em ação dentro da sala de aula", diz Miskalo.

4. Defasagem e indisciplina dos alunos

Uma pesquisa realizada em 2015 pela Fundação Lemann perguntou a professores quais problemas requeriam solução mais urgente nas escolas, e dois dos mais citados foram a defasagem de aprendizado dos alunos e a indisciplina em sala de aula.

A cada cem alunos do ensino básico, cerca de 12 estão com um atraso escolar de dois anos ou mais, segundo dados de 2016 compilados pela plataforma QEdu.

"É diferente se preparar para dar aula para uma sala de crianças de dez anos e (ter na mesma sala) crianças de 14 anos, que têm outros interesses e percepções", explica Mônica Gardelli Franco, ex-professora.

Sobre a indisciplina, ela conta que os professores não costumam receber, em sua formação, ferramentas para lidar com a dispersão dos alunos e a falta de foco.

E o tempo gasto com isso consome minutos preciosos de aula, que deixam de ser usados na transmissão de conteúdo.

"Perco cerca de 60% do meu tempo em aula resolvendo conflitos paradidáticos, por exemplo, falando de valores (sociais) ou da importância de preservar o bem público", lamenta Jorge Jacoh Ferreira, professor da rede municipal do Rio no subúrbio carente de Santa Cruz.

Com informações da BBC Brasil. 

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