Massa de ar polar

Região do sul do Tocantins deve sentir efeitos de onda de frio histórica esperada no Brasil

Passagem de massas de ar frio é comum nesta época do ano.

Por Redação 4.377
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27/07/2021 09h48 - Atualizado há 2 anos
A massa de ar frio desta semana será a terceira de grande porte registrada em 2021

Meteorologistas de diversos órgãos anunciam a chegada, nos próximos dias, de uma forte massa de ar polar que deve causar uma queda histórica nas temperaturas de todo o Brasil. A previsão é que o frio intenso comece na terça-feira (27/7) e se estenda até domingo (1/8).

Na região Sul, os termômetros podem registrar temperaturas negativas durante mais de uma semana. Nas serras catarinense e gaúcha, a previsão do Climatempo é de mínimas entre -8ºC e -10ºC. Mas fortes ventos podem causar uma sensação térmica de até -25ºC.

No Rio de Janeiro, há a possibilidade de nevar no Pico do Itatiaia, localizado a 2.450 metros de altitude. Em São Paulo, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que a mínima prevista para a madrugada de sexta-feira (30/7) seja de 3ºC, com máxima de 13ºC. A última vez que a cidade registrou uma temperatura tão baixa em 13 de junho de 2016 (3,5ºC). Há também previsão de geada para toda a região da Grande São Paulo.

Segundo o Climatempo, diversas capitais devem registrar as menores temperaturas do ano, como Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória. A menor temperatura já registrada na capital paulista, desde 1943, foi de -2,1ºC no dia 2 de agosto de 1955.

Caso a previsão desta semana se concretize, será o dia mais frio dos últimos 27 anos na capital paulista. No dia 9 de julho de 1994, o Inmet registrou 2ºC e, no dia 10 de julho de 1994, 0,8ºC. Na época, as baixas temperaturas devastaram cafezais em cidades no interior paulista.

A massa de ar desta semana será tão significativa que até mesmo algumas áreas no sul do Tocantins, da Bahia e do Pará sentirão uma queda na temperatura.

"Mas nessas regiões (essa massa) vai apenas aliviar o calor porque está muito quente. Teremos uma atuação bastante forte mesmo no continente, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste", disse a meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim.

No início de julho, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta laranja para mais de 40 municípios do Tocantins sobre uma onda de frio que poderia, inclusive, apresentar risco à saúde, com temperaturas 5ºC abaixo da média por um período de 03 até 05 dias.

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POR QUE FAZ TANTO FRIO?

Meteorologistas ouvidos pela BBC News Brasil disseram que a passagem de massas de ar frio é comum nesta época do ano. No entanto, a magnitude e frequência desses fenômenos podem ter sido alterados pelas mudanças climáticas.

Segundo Francisco de Assis, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a massa de ar frio desta semana será a terceira de grande porte registrada em 2021. O mais comum, diz ele, é apenas uma ou duas massas de ar polar significativas por ano.

"Isso está associado à alta variabilidade climática e aquecimento global, que causam esses extremos. Da mesma forma que o frio extremo aqui, vemos o forte calor no Hemisfério Norte", afirma.

Questionado, porém, Assis diz que essa deve ser a última grande onda de frio deste ano. "Normalmente, as temperaturas mais baixas são registradas entre a segunda quinzena de junho e durante o mês de julho. É muito improvável que uma nova onda como essa aconteça de novo porque, a partir de agosto, começa a esquentar", afirma.

Francisco de Assis explica que as massas de ar que atingiram o Brasil neste ano causaram mais frio porque foram mais consistentes, extensas e conseguiram subir com intensidade até o Sudeste do país.

"As massas de ar polar do ano passado não atingiram a região do café em Minas, no sudeste do Estado. Já as deste ano, inclusive a desta semana, têm mais força para atingir a região Sudeste".

Essas massas nascem na Antártida e sobem. Elas passam pela Argentina, Uruguai e perdem força ao chegar no Sudeste, onde correntes na alta atmosfera as arrastam de oeste para leste. Desta maneira, elas são levadas para o oceano e chegam ao sul da África.

Francisco de Assis, no Inmet, afirma que uma das regiões que sentirá uma das maiores variações climáticas do país é Cuiabá, no Mato Grosso.

"Isso porque a Baixada Cuiabana registrou 37ºC no fim de semana e mínima de 21ºC. A máxima vai cair para 20ºC na quinta (29/7) e a mínima vai a 7ºC", afirmou.

Ele diz que esse contraste ocorre porque na região há o predomínio de uma forte massa de ar quente e seca. A chegada de um sistema de ar frio causa esse contraste.

A massa de ar frio ainda pode derrubar as temperaturas no sul do Amazonas, do Acre e Rondônia — fenômeno conhecido como friagem. Ela também deve causar chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e parte do Mato Grosso do Sul.

Também há previsão de ressaca e mar agitado desde o extremo sul do litoral do Rio Grande do Sul até as praias de Vitória, no Espírito Santo.

MUITA GEADA, MAS POUCA NEVE

A meteorologista do Climatempo Josélia Pegorim disse à BBC News Brasil que, apesar de registrar temperaturas negativas, as três capitais do Sul não devem ter neve.

"Não basta o frio intenso para nevar. A neve é uma precipitação e precisa cair de uma nuvem. As condições para neve serão restritas aos dias 28 e 29 de julho, mas não há chance de ocorrer em Curitiba, por exemplo. Apenas no planalto e serra do Rio Grande do Sul e Santa Catarina", afirma.

Com informações da Folha de S. Paulo.

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