Vistoria

Falta de leite especial para bebês em maternidade pública atrasa alta médica; DPE notifica Saúde

Uma recomendação foi encaminhada à SES com pedido de tomada de providências.

Por Redação
Comentários (0)

08/12/2023 15h15 - Atualizado há 4 meses
A Unidade Intermediária contava com 15 leitos no total, sendo que 13 estavam ocupados

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) realizou, nesta quarta-feira  (6), uma vistoria no Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, para verificar as condições de infraestrutura e atendimento na Unidade Intermediária (UI) e também Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, voltada para tratamento de prematuros e de bebês que apresentam algum tipo de problema ao nascer.

Uma recomendação foi encaminhada nesta sexta-feira (8) à Secretaria de Estado da Saúde com pedido de tomada de providências. 

Durante a vistoria, o coordenador em substituição no Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa), defensor público Arthur Luiz Pádua Marques – acompanhado da Diretoria do Hospital – conversou com a equipe de atendimento e com mães de bebês internados, quando verificou informações gerais do hospital, como o abastecimento de medicamentos, materiais e insumos, dimensionamento de profissionais, número de leitos, entre outros pontos. 

O Nusa constatou que na Unidade Intermediária pacientes levam mais tempo para a alta por demora no processo administrativo para aquisição de nutrição especial na Assistência Farmacêutica do Estado. Segundo os profissionais, o paciente enquanto está internado recebe toda a nutrição especial pelo hospital, porém, diante da demora do processo administrativo e até mesmo a falta da Fórmula Alimentar, não pode receber alta e fica internado, ocupando leito que poderia estar sendo utilizado por outro. 

Essa nutrição especial inclui latas de leites como o Pregomine e o Neocate. "Assim que o bebê recebe alta, a mãe procura a assistência farmacêutica para levar pelo menos dez latas para casa e continuar o tratamento, mas a falta ou a demora no processo administrativo para entrega impedem a continuidade e precisamos mantê-los em internação até que consigam essa alimentação adequada", relata um dos profissionais do hospital. 

Ainda conforme verificado na vistoria, cada lata custa de R$ 300 a R$ 400. "É um tratamento muito caro, as pessoas carentes não têm condições de arcar. Quando falta no Estado, a conta cai para o suprimento de fundos, onerando o hospital e sobrecarregando a unidade de tratamento", explica o Defensor Público. 

No dia da vistoria, a Unidade Intermediária contava com 15 leitos no total, sendo que 13 estavam ocupados. 

Dificuldades com exames

Outra questão apresentada à Defensoria Pública por profissionais do hospital é em relação a disponibilização de exames solicitados pelos médicos, pois há exames, como de Cintilografia (um tipo de ressonância), que não é ofertado pelo Hospital Dona Regina. Contudo, de acordo com Arthur Pádua, é possível realizar o exame por meio do suprimento de fundo do hospital. Inclusive, no momento da vistoria, a equipe da DPE-TO atendeu um casal com um bebê prematuro de 45 dias que necessitava realizar um exame de painel genético, que custa em média R$ 5 mil, e não estava conseguindo no Estado. Contudo, o bebê só pode ter alta após a realização do exame.

Há prejuízo financeiro para o Estado não realizar logo esses exames, pois a criança fica lá na UTI esperando enquanto o Estado fala que não tem o recurso, ocupando a vaga de outro recém-nascido”, explicou. 

Demais setores

Na UTI Neonatal, o Coordenador em Substituição do Nusa verificou os equipamentos, monitores e incubadoras e não constatou irregularidades. Já no Bloco Cirúrgico e Sala de Parto Normal houve reclamações da ausência de medicamentos básicos como Nimesulida e Parecetamol e há, frequentemente, superlotação. Também foi identificado desfalque de profissionais e equipe técnica, e ausência de pagamento de adicional de insalubridade para profissionais que atuam na limpeza. 

A proposta do Nusa é se reunir novamente com a equipe do hospital e também com a Diretoria da Assistência Farmacêutica para criação de um fluxo célere de processo de aquisição de nutrição especial para paciente com alta programada.

Comentários (0)

Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

(63) 3415-2769
Copyright © 2011 - 2024 AF. Todos os direitos reservados.