Tocantins

OAB Tocantins homenageia advogada e jornalista que sofreu torturas na Ditadura Militar

Por Redação AF
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11/03/2016 10h18 - Atualizado há 5 anos
Na programação do Mês das Mulheres da OAB do Tocantins, a entidade fará uma homenagem à advogada, jornalista e professora Mery Ab-Jaudi Ferreira Lopes, 68 anos, que foi torturada pela ditadura militar. O evento é organizado em conjunto pela Comissão de Proteção e Defesa da Mulher e Escola Superior de Advocacia (ESA), e ocorrerá nesta sexta-feira (11/03), a partir das 19 horas, no auditório da OAB. Esposa do ex-presidente da OAB-TO, Epitácio Brandão Lopes e radicada no Tocantins desde 1991, Mery é advogada militante desde 1975. Antes disso, ela foi jornalista e professora em Goiás e militou, a partir de 1967, no PCB (antigo Partido Comunista Brasileiro). Por causa da militância política, acabou sendo perseguida e torturada pela Ditadura Militar que governou o Brasil desde o golpe de 1964 até 1985. Logo no início da Ditadura Militar, o PCB havia sido jogado na clandestinidade pelos militares e desta forma era proibida qualquer atividade partidária para essa agremiação política. “Fui detida, presa e levada da minha residência (a qual foi toda vasculhada) muitas vezes em 1972. Fui levada para interrogatórios e outras vezes para acareações com pessoas que confirmavam que eu era comunista, e que fazia parte do Comitê Estadual, o que era verdade. Ficava presa com um capuz, incomunicável em um cubículo apertado, reprimida e coagida, no 10º Batalhão do Exército em Goiânia. Essa angústia e sofrimento duraram de agosto a dezembro de 1972”, relata Mery em seu currículo, ao lembrar-se dos meses de sofrimento em poder dos militares. Após ser solta, Mery teve enormes prejuízos psicológicos e financeiros, sendo obrigada a morar no interior de Goiás para que os militares não a perseguissem mais. “Sofri pressão psicológica em todo esse período, doente e já debilitada com idas e vindas (tinha sempre um carro do Exército postado na porta da minha casa para me buscar). Ainda estudante, fui obrigada a mudar para o interior do Estado, passando a residir em Paranaiguara com o fim de fugir das constantes perseguições”, detalha Mery, ao lembrar que mesmo após ser solta, constantemente era conduzida para dar explicações aos militares. Depois disso, Mery, já como advogada, atuou na defesa de presos políticos da Ditadura Militar, trabalho que lhe rendeu em 2012 homenagens da OAB Nacional e da Comissão Nacional da Verdade. Em 2014, por ocasião do aniversário de 50 anos do Golpe Militar, Mery recebeu outro reconhecimento da OAB Nacional, que destacou o trabalho desenvolvido pela advogada na defesa dos direitos civis e na luta pela redemocratização.

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