Mais do que um aplicativo popular que facilita e barateia a comunicação, o WhatsApp
tem crescido como uma ferramenta de trabalho que chega a rivalizar o e-mail. Entre uma conversa e outra com a família, fotos são trocadas com amigos ao mesmo tempo em que avisos do chefe, cobranças e outras informações importantes da empresa aparecem nas notificações do aplicativo. Parece uma fórmula pronta para cometer um deslize. Segundo o professor
Roberto Aylmer, especialista em gestão estratégica de pessoas, o mercado e os profissionais ainda estão se adequando à migração de uso da tecnologia, o que pode levar a erros e excessos. “
São muitos grupos e um fluxo grande de mensagens e informações. É uma demanda grande que pode causar ansiedade. O aplicativo não tem horários e novas mensagens deixam nosso cérebro sempre em alerta”, diz. Quando o e-mail era a novidade no escritório, a forma de trabalhar foi mudando e exigiu que as empresas se adaptassem à nova linguagem trazida pelo recurso. Hoje, já existe uma série de recomendações sobre como deve ser utilizado o e-mail do trabalho. Com o Whatsapp não deve ser diferente. Para Aylmer, a melhor utilização do aplicativo passa pela demarcação de regras da boa convivência. É o que o professor já faz no seu cotidiano de trabalho, avisando seus colaboradores sobre quais assuntos podem ser tratados no grupo de mensagens e os horários para enviá-las. O bom uso do WhatsApp depende de cada participante da conversa. Confira as dicas do professor de
comportamentos
para evitar no app:
1 - Esquecer que o WhatsApp é um documento, público e corporativo Mesmo que o aplicativo tenha suas mensagens criptografadas, é bom lembrar que os participantes da conversa têm acesso ao que foi enviado. É preciso tomar cuidado com as informações trocadas, especialmente ao falar de temas sigilosos ou questionar políticas da empresa. O que está registrado ali não necessariamente ficará em segredo.
2 - Esquecer que cada um interpreta o que está escrito da sua maneira Ao escrever, é melhor deixar as mensagens diretas e objetivas, pois a intenção por trás da mensagem pode ficar perdida de acordo com a interpretação de cada um. O que pode parecer uma pergunta normal pode ser vista como grosseria por outro e dificultar o trabalho. Segundo o professor, aqui pesa também o fator cultural ao lidar com profissionais de vários países.
3 - Usar o grupo da empresa como usa com os amigos Sabe aquela corrente que um amigo mandou? Ou aquela foto fofa do seu animal de estimação? A mensagem quilométrica de bom dia? A notícia polêmica do dia? Todas circulam pelo WhatsApp, mas é melhor passarem longe do grupo do trabalho. “
Algumas pessoas perdem a noção do perigo, mandando coisas pessoais e piadas fora de hora que prejudicam sua reputação. Não saber analisar o risco mostra que a pessoa não tem maturidade de pensamento”, avisa Aylmer.
4 - Fazer brincadeiras preconceituosas ou percebidas como bullying Toda brincadeira tem limite – na vida e no grupo de trabalho também. É preciso cautela para fazer brincadeiras com os colegas pelo WhatsApp, especialmente se puderem ser percebidas como bullying, indiretas para alguém ou tocarem em temas sensíveis, como raça, cor ou gênero.
5 - Beber e escrever “
Uma mensagem pode ser extremamente comprometedora da sua lucidez”, diz Aylmer. Se uma piada – ou notícia falsa – pode afetar um pouco a reputação, mandar uma mensagem após beber pode ser o fim dela. De desabafo a elogio, não importa o conteúdo da mensagem: se beber, não digite.
6 - Tomar decisões importantes por mensagem Pedir demissão por WhatsApp é uma boa? O professor avisa que essa e outras decisões importantes ainda devem ser comunicadas pessoalmente. Se estiver aborrecido ou frustrado com o trabalho, quiser questionar o chefe ou fazer uma denúncia, procure os canais oficiais da empresa ou marque uma reunião.
7 - Achar que sempre tem razão “
Em comunicação, o que vale não é a razão, é a percepção”, diz Aylmer. Segundo ele, se achar dono da razão é um erro que transcende o WhatsApp. Um gestor pode parecer mais autoritário ao mandar mensagens e não perceber que está prejudicando a comunicação da equipe. É bom reler e pensar na forma como será recebida a mensagem antes de mandá-la.
(Luísa Granato/Exame)