Alerta!

9 em cada 10 brasileiros tomam remédios por conta própria, o que afeta tratamentos futuros

Quadro motiva campanha de conscientização e sobre medicação sem consulta a profissional

Por O Tempo
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04/05/2024 08h48 - Atualizado há 1 semana
Cerca de 20 mil pessoas morrem anualmente por consequência da automedicação. 

Notícias do Tocantins -  “Tomei um anti-inflamatório, achando que era tranquilo. Mas ele empolou meu corpo. Minha boca ficou maior, tive uma queimação na perna. A partir disso, não tomo mais anti-inflamatório. Só mesmo quando prescrito, com cautela e quando não tem outra solução”. Este é um resumo da experiência que Marcia Mara Maltez, de 58 anos, teve com um hábito muito comum entre os brasileiros: se automedicar.  

A automedicação, uma prática cada vez mais comum entre os brasileiros, tem se tornado um problema de saúde pública. Em 2024, o Brasil comemora o marco de 25 anos do Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, estabelecido em 5 de maio de 1999. Esta data especial surgiu após uma série de iniciativas de estudantes de farmácia em diferentes estados do país, em resposta ao crescente problema da automedicação.

Um problema cada vez mais comum nos dias atuais, impulsionado por fatores que vão desde a fácil acessibilidade a medicamentos até a falta de informação sobre os perigos associados a essa prática. Mas embora possa parecer uma solução rápida e adequada para certos sintomas, a automedicação carrega riscos significativos para a saúde do paciente.

Segundo estudo mais recente do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), até 2022, cerca de 89% dos brasileiros tomavam medicamentos sem a indicação de um profissional. O percentual cresceu desde o levantamento anterior, de 2014, quando o mesmo número era de 76%. As classes de remédios mais usadas, segundo o ICTQ, são: analgésicos: 64%; antigripais: 47%; e relaxantes musculares: 35%.

Acometidos por males momentâneos, como dores, gripes, viroses e infecções, muitos recorrem a um antimicrobiano ou anti-inflamatório sem antes consultar um médico, ou mesmo um farmacêutico. Uma pesquisa ICTQ/Datafolha, feita em 2024, aponta que nove em cada dez brasileiros tomam medicamentos sem prescrição profissional. Porém, segundo especialistas, esta prática pode trazer prejuízos à saúde, e até a tratamentos de doenças futuras.  

A automedicação pode provocar aumento da resistência dos microorganismos aos remédios. Em 2020, conforme o relatório GLASS, da OMS, pacientes internados de 87 países apresentaram resistência ao tratamento a bactérias que causam infecções na corrente sanguínea. Em mais de 60% dos casos de gonorreia, infecção sexualmente transmissível, o agente causador mostrou resistência ao medicamento oral mais usado.  

No mesmo estudo, mais de 20% das infecções de trato urinário se mostraram resistentes aos tratamentos de primeira e segunda linha. 

A Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) afirma que cerca de 20 mil pessoas morrem anualmente por consequência da automedicação. 

Conscientização e alerta 

Diante dos perigos da automedicação, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) realiza uma campanha para conscientizar a população sobre a prática, tão comum entre os brasileiros. Realizada sempre no dia 5 de maio, considerado o Dia Mundial do Uso Racional de Medicamentos, a ação visa alertar a sociedade para a importância de sempre buscar orientação médica antes de consumir um remédio. O hábito brasileiro de se automedicar também motiva a campanha. 

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