Engenheiro foi o responsável pela abertura da Belém-Brasília.
Retomadas em agosto deste ano, seguem a todo vapor as gravações da série brasileira 'Bernardo Sayão e a Estrada de Papel', que conta a história do engenheiro desbravador do então norte goiano através da BR-153.
Ao longo de quase 60 dias foram captadas cenas no Rio de Janeiro, Goiânia, Anápolis e Brasília. Agora, as filmagens seguem nas cidades que ficam às margens da Belém-Brasília, a caminho de Belém (PA), incluindo Araguaína.
A série terá cinco episódios, tendo roteiro e direção do cineasta tocantinense Hélio Brito. Ela é fruto da Chamada Pública BRDE/FSA Prodav 2018 para TV´s Públicas, financiada pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) da ANCINE (Agência Nacional do Cinema).
“Bernardo Sayão e a Estrada de Papel” será exibida a partir do segundo semestre de 2022 em toda a rede de TV´s Públicas e Educativas do Brasil, começando pela TV BRASIL, empresa da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
A PRODUÇÃO EM CURSO
A produção segue os passos de Bernardo Sayão para mostrar ao Brasil quem foi esse herói brasileiro, considerado um “Bandeirante moderno”. Sendo fruto de um Edital de 2018, cujos recursos só foram liberados em 2021, o primeiro obstáculo enfrentado pela equipe foi de ordem financeira.
De acordo com a produção da série, já se passaram três anos e o orçamento aprovado não bate mais com a realidade dos dias atuais. “O que a obriga a fazer remanejamentos internos no orçamento para que o trabalho não pare”, explicou Hélio Brito.
Outro obstáculo que impactou fortemente os trabalhos da equipe foi a pandemia de Covid-19, que bagunçou completamente o cronograma de execução.
Os trabalhos foram iniciados em abril de 2021, mas suspensos logo em seguida, pois a Covid atingiu membros da equipe, inclusive causando um óbito. Com isso, os trabalhos só foram retomados em 10 de agosto de 2021, depois que todos os membros da equipe já estavam vacinados com a primeira dose.
Segundo a produção, esses contratempos fizeram misturar fases do projeto, realizando pesquisa e produção ao mesmo tempo, quando deveriam ser feitos em fases distintas. E, ainda, prolongará o tempo de viagem para produção, pois as chuvas chegaram mais cedo neste ano de 2021, o que dificultará a captação de imagens ao longo da rodovia.
QUEM FOI BERNARDO SAYÃO?
Os brasileiros que moram nas cidades ao longo da rodovia Belém-Brasília conhecem Bernardo Sayão de nome apenas, pois em todas as cidades ao longo desta imensa rodovia de mais de dois mil quilômetros, há algo em homenagem a este brasileiro: uma rua ou avenida, uma escola, um bairro, e até uma cidade. Bernardo Sayão é o principal responsável pela rodovia Belém-Brasília (ao lado de JK), que trouxe desenvolvimento para toda a região centro-norte do Brasil (Goiás, Tocantins, Sul do Maranhão e Sul do Pará).
O engenheiro Bernardo Sayão nasceu no Rio de Janeiro, em 1901. Em 1941 é convidado pelo então presidente Getúlio Vargas para implantar a Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), onde hoje é a cidade de Ceres-GO. Na Colônia, ao tomar conhecimento das enormes potencialidades da região centro-norte do Brasil, e ao constatar as grandes dificuldades para o seu desenvolvimento, por falta de estradas, Sayão incute na sua própria cabeça que vai construir essa estrada, custe o que custar, e isso passa a ser um sonho seu, mais que isso, uma obsessão sua.
A partir da Colônia Sayão começa a abrir a estrada Transbrasiliana (hoje Belém-Brasília), sem autorização oficial, utilizando a estrutura da Colônia, administrada por ele. Por causa dessa “ousadia” é exonerado da Colônia em 1950 e volta para o Rio de Janeiro. Mas em 54 é lançado candidato a vice-governador de Goiás, sendo eleito com expressiva votação (a eleição de vice era separada da de governador).
Em 1956 é convidado pelo presidente JK para comandar as obras de construção de Brasília, como um dos diretores da Novacap. E em 58, JK o convida para construir a Belém-Brasília quando esta rodovia já estava construída até Cercadinho (hoje Barrolândia-TO), por desejo e atos de Bernardo Sayão.
JK entrega a Sayão o comando da grande epopéia de rasgar a floresta amazônica até Belém do Pará em apenas um ano, algo considerado impossível até então, para que a estrada fosse inaugurada em 31 de janeiro de 1959, um ano antes da inauguração de Brasília. Mas Sayão morre 15 dias antes do término da estrada, vítima de um enorme galho de árvore que cai sobre o seu corpo, no front da obra, pouco depois de Açailândia (MA), já no estado do Pará.