Direto ao Ponto

Arnaldo Filho

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Reflexão

A quem recorrer na hora da morte? O péssimo exemplo de Araguatins, que sirva de reflexão

A família fez uma vaquinha entre parentes e amigos para pagar o translado do corpo.

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24/07/2019 14h44 - Atualizado há 4 anos
Ele morreu afogado no Rio Araguaia, em Araguatins (TO)

Necessitar de qualquer auxílio ou serviço público no Brasil é, com raras exceções, submeter-se a um exercício de humilhação, descaso, burocracia e revolta. O que presenciei na noite desta terça-feira (23) só confirma essa triste realidade.

O fato lamentável ocorreu com a família de Tiago Vieira da Silva, de 34 anos, que morreu afogado no Rio Araguaia, em Araguatins, na madrugada do último domingo (21), mas seu corpo só foi encontrado na manhã desta terça (23). 

Devido ao sucateamento das unidades do Instituto Médico Legal nas cidades de Augustinópolis e Tocantinópolis, o corpo precisou ser levado para o IML de Araguaína, a cerca de 250 km de distância. O primeiro exemplo de descaso do poder público.

O problema é que o IML busca o corpo, mas não o leva de volta. Cabe, portanto, à família providenciar o translado. Daí surge o grande problema para as famílias carentes como a de Tiago Vieira, que não teve condições sequer de comprar o caixão.

Começou, então, uma verdadeira peregrinação atrás de vereadores, secretária de Assistência Social, prefeito de Araguatins, Cláudio Santana (MDB), assessores, etc. Tudo em vão!

Já não bastasse o sofrimento pela perda de um ente querido, recai ainda sobre os ombros da família o sentimento de impotência, de abandono. Também tentei ajudá-los! Fiz ligações, enviei mensagens, mas o prefeito e a primeira-dama estavam de viagem e, por sinal, são mal assessorados.

Enfim, a família foi obrigada a fazer uma vaquinha entre parentes e amigos para arrecadar mil reais em plena madrugada e pagar a funerária pelo translado do corpo.

Que essa situação triste e revoltante sirva de reflexão e vergonha para os nossos políticos, para que não se repita, pois garantir a dignidade humana, pelo menos na hora da morte, é o mínimo que o poder público deve fazer em prol de seus cidadãos. Não é favor!

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