Situação caótica

Com salários atrasados, profissionais terceirizados das UTIs temem calote: 'cenário de caos total'

"Estou com medo de não receber meu salário. Estou desesperada".

Por Conteúdo AF Notícias 1.909
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29/09/2023 11h11 - Atualizado há 7 meses
UTI do Hospital Regional de Araguaína também é gerida por empresa terceirizada

Profissionais da saúde contratados por uma empresa terceirizada que é responsável pela gestão de UTIs em hospitais públicos do Tocantins estão vivendo uma situação caótica e revoltante. Com dois meses de atrasos salariais, eles temem calote em razão do fim do contrato da Associação Saúde em Movimento (ASM), que tem sede em Salvador (BA).

De um lado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirma que todos os pagamentos à empresa estão rigorosamente em dia. Do outro, a ASM diz aos seus funcionários que aguarda o repasse do Estado para efetuar o pagamento dos salários.

Enquanto a empresa e a Secretaria da Saúde ficam nesse jogo de culpa, os profissionais de saúde ainda não receberam sequer o salário de agosto e estão passando por dificuldades, além de sobrecarga de trabalho em razão de desfalques nos plantões.

Essa situação caótica atinge médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, maqueiros e serviços gerais. Todos estão com salários atrasados.

Os profissionais terceirizados atuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Araguaína (HRA), Hospital Geral de Palmas, Maternidade Dona Regina, Hospital Regional de Porto Nacional e outros. Somente no Hospital Regional de Augustinópolis são 71 funcionários nessa situação.

O contrato com a Associação Saúde em Movimento (ASM) termina neste sábado (30/9). Outra empresa assumirá os serviços sob requisição administrativa do Governo do Estado. Por isso, os profissionais de saúde temem calote. “Estou com medo de não receber meu salário. Estou desesperada. O cenário é de caos total”, disse uma enfermeira.

Além de atrasos salariais frequentes, bem como do vale-alimentação, os profissionais também reclamam da falta de materiais básicos e até mesmo de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Nossos salários estão atrasados. Muitos dos colegas já não estão indo mais para os plantões, pois temem um calote maior; com isso, a sobrecarga dos que ainda estão é muito grande. Já havia desfalques nas escalas por falta de profissionais e agora está pior ainda”, denunciou um profissional que trabalha na UTI do HRA.

Conforme o relato, com a ausência de alguns profissionais nos plantões, a coordenação exige que outros dobrem o número de plantões, causando esgotamento físico. “Estamos exaustos e esgotados de esperar pelo pagamento que nunca vem”, desabafou o profissional.

“Também faltam materiais básicos como gaze, seringas, soros para administrar medicamentos, e até medicamentos; EPIs, nem se fala! As caixas de luvas são somente duas por plantão, para dividir entre 10 leitos”, afirmou o profissional

Tanto nós, profissionais, como os pacientes, estamos em apuros, pois a falta de EPIs pode ocasionar a nossa própria contaminação como também contaminação cruzada”, destacou.

O que diz a Secretaria de Saúde?

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) disse o mesmo de sempre: que está com os repasses financeiros em dia para a empresa, Associação Saúde em Movimento, a qual é responsável pelo pagamento dos profissionais contratados, para atendimentos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), medicamentos e insumos.

Segundo a Saúde, uma equipe técnica acompanha de perto as referidas UTIs e nenhum paciente está desassistido, e já notificou a empresa sobre as reclamações recebidas.

Por fim, a Secretaria da Saúde disse que não compactua com quaisquer atitudes que diferem do respeito nas relações de trabalho e atendimento humanizado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e toda pessoa pode manifestar-se por meio da Ouvidoria do SUS, um canal seguro, para relatos de queixas e elogios a respeito dos serviços e acolhimentos recebidos nas unidades sob sua gestão. Os contatos são: (63) 3218-2025 ou o 0800 64 27200. As denúncias podem ser feitas de forma sigilosa. Todas as denúncias recebidas, são abertos processos investigativos e tomadas as medidas legais cabíveis.

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