Endividamento

Endividamento das famílias brasileiras recua, mas inadimplência segue em alta: veja desafios

Diante desse cenário, é crucial que as famílias brasileiras continuem cautelosas.

Por Nicole Almeida
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05/09/2024 15h35 - Atualizado há 1 dia
Endividamento das famílias brasileiras recua, mas inadimplência segue em alta: veja os desafios

O endividamento das famílias brasileiras recuou pelo segundo mês consecutivo, conforme apontado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em agosto, o percentual de famílias com dívidas a vencer caiu para 78%, uma redução em relação aos 78,5% registrados em julho. Contudo, esse número ainda está acima dos 77,4% observados no mesmo mês do ano passado, evidenciando uma melhora lenta, mas importante.

Uso do crédito e cautela das famílias

A redução no endividamento reflete uma maior cautela das famílias quanto ao uso do crédito. Segundo a CNC, mesmo com essa queda, o número de famílias que se consideram "muito endividadas" subiu para 16,8%. Isso indica que, apesar de um controle no volume total de dívidas, algumas famílias ainda enfrentam dificuldades significativas para lidar com os pagamentos mensais.

De acordo com José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, “o resultado do PIB, que apontou um crescimento de 1,4% no segundo trimestre, superou as expectativas, mas também revelou um ambiente econômico ainda desafiador.” A combinação de juros altos e uma recuperação econômica lenta contribui para as incertezas enfrentadas pelas famílias brasileiras. Como resultado, o consumo pode ser retraído, impactando a retomada do crescimento econômico.

Inadimplência e comprometimento da renda

Mesmo com a queda no endividamento, a inadimplência permanece como um ponto crítico. O percentual de famílias com dívidas em atraso ficou estável em 28,8% pelo terceiro mês consecutivo. No entanto, o número de famílias que não conseguirão pagar suas dívidas aumentou para 12,1%. Além disso, o percentual de dívidas em atraso há mais de 90 dias atingiu 48,6%, o maior desde março de 2020.

Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, explica que, embora o endividamento tenha recuado, o comprometimento da renda das famílias continua elevado. "O percentual médio de comprometimento da renda foi de 29,6% em agosto, demonstrando que as famílias estão buscando manter suas finanças sob controle, mas precisam lidar com prazos longos e juros altos", afirma Tavares.

Cenário futuro

Apesar da leve melhora no cenário de endividamento, as projeções da CNC apontam que ele deve voltar a subir no último trimestre do ano, com a inadimplência podendo alcançar 29,5% até dezembro. Isso pode ser impulsionado pelo aumento no uso de modalidades de crédito, como o cartão de crédito, que continua liderando com 85,7% de participação entre os devedores. Mesmo com uma pequena queda em relação ao mês anterior, o cartão de crédito segue sendo o principal vilão das dívidas.

Já o crédito pessoal apresentou aumento, impulsionado pelas recentes reduções nas taxas de juros. O cenário, no entanto, varia entre estados. O Rio Grande do Sul, por exemplo, que enfrentou enchentes em maio, registrou um aumento no endividamento, chegando a 92,9% em agosto. Esse percentual é o maior desde outubro de 2023, e 39,1% das famílias no estado têm contas em atraso.

Reflexão sobre o endividamento

Diante desse cenário, é crucial que as famílias brasileiras continuem cautelosas ao utilizar crédito. Apesar da ligeira melhora nos indicadores de endividamento, o aumento da inadimplência e o comprometimento da renda ainda são preocupantes. Será que as condições econômicas permitirão uma recuperação mais rápida para as famílias, ou estamos diante de um ciclo de endividamento prolongado?

Conclusão

O recuo do endividamento pelo segundo mês consecutivo é um sinal positivo, mas o cenário ainda exige atenção. A cautela das famílias em relação ao uso do crédito é fundamental para que o endividamento continue em queda. No entanto, a alta taxa de juros e a lenta recuperação econômica impõem desafios que podem dificultar a estabilidade financeira de muitas famílias. O controle das finanças e o uso consciente do crédito são estratégias indispensáveis para evitar um futuro ainda mais endividado.

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